quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Gaza, 600 mortos. Sem mídia ocidental

Dois artigos de hoje, dia 6, sobre o papelão de Israel -- não na carnificina, mas na postura stalinista de impedir o trabalho da imprensa. O primeiro é o do meu guru, Robert Fisk. O segundo, da minha amada amiga Claudia, editora de Inter da Folha -- a coincidência de tema comprova o quanto ela é antenada. Publico abaixo o início dos dois textos. O complemento está lá na Ponte, o site que abri no Google pra não postar matérias longas demais aqui no blog. Um artigo embaixo do outro. (A foto é da AP.)

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Manter a imprensa afastada de Gaza não funciona

Robert Fisk*

Do que Israel tem medo? A velha desculpa de "área militar fechada" para impedir a cobertura dos veículos de comunicação durante ocupações de terras palestinas tem sido usada por anos. Mas a última vez que Israel resolveu jogar esse jogo -- em Jenin, em 2000 -- o resultado foi um desastre. Impedidos de ver a verdade com seus próprios olhos, os repórteres divulgaram a versão dos palestinos, que denunciaram ter ocorrido um massacre promovido por soldados israelenses -- e Israel precisou levar anos negando. Na verdade, ocorreu um massacre, mas não na escala inicialmente denunciada.

Agora, o Exército israelense está tentando usar a mesma estratégia. Banir a imprensa. Manter as câmeras longe. Ontem pela manhã -- poucas horas após o Exército israelense avançar pelo interior de Gaza para matar mais membros do Hamas e, é claro, mais civis -- o Hamas anunciou a captura de dois soldados israelenses. Sem um único jornalista ocidental em Gaza, os israelenses deixaram de dizer ao mundo se essa informação é ou não verdadeira.

Continua aqui.

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Veto de Israel à mídia ricocheteia

Claudia Antunes*

Israel lançou uma blitz publicitária antes de iniciar o ataque a Gaza, enquadrando suas ações na "guerra ao terror" mais ampla, mas a boa vontade com o país, na mídia ocidental, começa a diminuir. O detonador dessa virada é a contínua proibição do ingresso de jornalistas estrangeiros em Gaza, que se prolonga há dois meses -período que coincide com o abalo da trégua acertada em junho com o Hamas.

Há seis dias, ao julgar pedido da Associação de Imprensa Estrangeira, a Suprema Corte israelense determinou que a proibição fosse suspensa. O governo disse que permitiria o ingresso de oito jornalistas, mas voltou atrás, citando riscos de segurança. Como o Egito, interessado no enfraquecimento do Hamas, também mantém sua fronteira com Gaza bloqueada, a impaciência cresce. No último fim de semana, o tom da CNN internacional mudou. Uma cobertura no início muito inclinada à posição israelense pôs no ar protestos dos enviados especiais que em Israel observam Gaza de longe, sobre um fundo de imagens do sofrimento de civis palestinos feitas por canais de TV árabes.

Continua aqui.

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