domingo, 29 de março de 2009

GRAN TORINO!

Uau! Que filme! Clint rocks!!! O engraçado é que o Marco, que adorou, disse uma frase que depois de ver o filme me soa enigmática: "Mas mãe, você tem que entender que é um filme americano".

???

sábado, 28 de março de 2009

Lancet dá um chega pra lá no criminoso!

Vera mandou mensagem com link para o Azenha, que publica a tradução do editorial da Lancet criticando o besteirol criminoso desse tal Bento 16. Ô sujeito maléfico. A Corte Internacional da Haia deveria julgar esse desastre por crime contra a humanidade!!! Achei o editorial respeitoso demais. Uma revista científica tinha obrigação de ser mais contundente. Não digo que esculhambe como eu, mas deveria pegar mais pesado. O gajo é criminoso, e crime deve ser tratado como tal.

A tradução é da Conceição Lemes. Adoro as matérias dela. Tirei todas as iniciais maiúsculas de papa, igreja católica etc. Que mané inicial maiúscula coisa nenhuma! Esse mal de dois milênios é rasteiro! Mas Conceição é certamente a melhor repórter de saúde deste país, e assim apresenta o editorial:

Conceição Lemes

Se alguém ainda tem alguma dúvida de que a afirmação do papa Bento XVI em relação à camisinha foi um desserviço à luta contra o HIV/Aids no mundo, o contundente editorial desta sexta-feira [27/3] da Lancet é a pá de cal.

Sob o título "Há redenção para o papa?", o editorial afirma que o papa distorce o conhecimento científico sobre camisinha, fez comentário gravemente errado e descuidado sobre HIV/Aids e exige que ele se retrate. A Lancet é uma das mais prestigiadas revistas médicas do mundo. Eis o editorial na íntegra.

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Há redenção para o papa?

Editorial de The Lancet

O Vaticano sentiu a candência de um protesto internacional sem precedentes, semana passada, depois de o papa Bento 16 ter feito comentário inadmissível, gravemente errado e descuidado sobre HIV/AIDS. Em sua primeira visita à África, o papa disse a jornalistas que a luta do continente contra a doença seria problema "que não pode ser resolvido com distribuição de preservativos: ao contrário, os preservativos aumentam o problema".

É bem conhecida a oposição ética que a igreja católica faz ao controle de natalidade e o apoio que dá à fidelidade conjugal e à abstinência como meios para prevenção contra a contaminação pelo HIV. Mas, ao dizer que os preservativos aumentam os problemas relacionados ao HIV/AIDS, o papa ativamente distorce conhecimento científico demonstrado, para promover a doutrina católica sobre o assunto.

Imediatamente, a comunidade internacional condenou o comentário. Governos de Alemanha, França e Bélgica distribuíram notas criticando a posição do Papa. Julio Montaner, presidente da International Aids Society, considerou o comentário "irresponsável e perigoso". A Unaids e o Population Fund da ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) também se manifestaram, reafirmando a posição oficial dessas entidades sobre o uso recomendado do preservativo e a importância de evitar o contágio, em que se lia que "o preservativo masculino de látex é a única, a mais eficiente e a mais acessível tecnologia que há para reduzir a transmissão sexual do HIV".

Sitiado pela fúria geral, até o Vaticano tentou emendar as palavras do papa. No website "Holy See", o chefe da assessoria de imprensa, padre Federico Lombari, escreveu que o papa teria dito que "há risco de que os preservativos venham a aumentar o problema".

Não se sabe se o papa errou por ignorância ou se houve deliberada tentativa de manipular informação científica para apoiar ideologia católica. Mas o comentário não foi desautorizado, e tentativas de retorcer as palavras do papa, sem qualquer respeito à verdade, não são encaminhamento recomendável. Quando alguma voz influente, seja líder político ou religioso, faz afirmação falsa no campo científico, que pode ter efeitos devastadores para a saúde de milhões de seres humanos, é seu dever retratar-se ou corrigir os registros públicos. Qualquer outra atitude do papa Bento será imenso desserviço aos que trabalham para defender a saúde pública, entre os quais milhares de católicos, que se dedicam incansavelmente à luta pela prevenção e contra a disseminação do HIV/AIDS em todo o mundo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

DIVIRTAM-SE!!!

Os soberanos do mundo e o candidato de FHC

Mauro Santayana

Em 1991, no Encontro de Bilderberg, em Baden, David Rockefeller, neto do fundador da Standard Oil, tratou da grande conspiração imperial em marcha. De acordo com o site American truth, o importante banqueiro agradeceu às maiores publicações norte-americanas, como o Washington Post, o New York Times e a Time, pelo fato de conhecerem o projeto, durante 40 anos (ou seja, desde 1951) e de não o terem revelado. Disse David que lhe seria impossível desenvolver o seu plano para o domínio do mundo, se ele fosse submetido às luzes da publicidade. "Mas agora (depois da queda do muro de Berlim) – completou – o mundo está mais preparado para marchar rumo a um governo mundial. The supranational sovereignty of an intellectual elite and world bankers is surely preferable to the national auto-determination practiced in past centuries".

Não houve, nem há, melhor definição da soberania que pretendiam impor a todos os povos: a aliança entre uma elite de intelectuais e de grandes banqueiros é preferível – de acordo com o último dos Rockefeller – à autodeterminação nacional praticada nos séculos passados. Essa ideia de governo mundial se associa a uma família que, mais do que qualquer outra, simboliza a construção do capitalismo baseado no petróleo e nas empresas multinacionais. David foi o primeiro e único Rockefeller banqueiro, ao assumir o Chase National, que, depois de chamar-se Chase Manhattan, está hoje associado ao JP Morgan.

Henry Ford disse ser melhor que o povo nada saiba sobre os bancos e o sistema monetário, porque, se ele souber, afirmou, "I believe there would be a revolution before tomorrow morning". Provavelmente seja dessa revolução que o mundo necessite. E esse é o nó górdio que o presidente Obama tem em suas mãos. Começando pela América, o mundo parece dividido, nestes dias, entre os banqueiros, que resistem e se rearticulam politicamente, e o povo, que incita os governos a irem adiante na estatização dos bancos. Os povos, em nossos dias, parecem mais aptos a descobrir o que significam os bancos e o sistema monetário. Daí o perigo, ou a esperança – depende do ângulo que se veja – da revolução prevista, há mais ou menos um século, pelo construtor de automóveis, before tomorrow morning. Naquele tempo, os produtores de bens tangíveis – era o caso de Ford – sentiam que os seus interesses não eram exatamente os dos banqueiros. Com o correr do tempo, no entanto, os banqueiros se assenhorearam do controle acionário dos grandes consórcios industriais, e já não existem homens como Ford, que os detestava e, enquanto vivo, jamais permitiu que suas ações fossem negociadas em bolsa.

Obama se encontra entre dois fogos, conforme ficou claro na entrevista coletiva de terça-feira. O sistema, passado o momento de choque, reage, e já ameaça. Por outro lado, Joseph Stiglitz, com a autoridade de que dispõe, diz claramente que a ajuda financeira aos bancos falidos, com a aquisição de seus ativos podres pelo governo, "é um roubo contra os contribuintes americanos".

O cinismo dos banqueiros é exemplar e Mayer Rotschild resume a ópera: "Dêem-me o controle do dinheiro de uma nação, e eu não preciso me preocupar com quem faz as leis". Os que examinam mais de perto a formação histórica da grande República sabem que o confronto entre a sociedade, representada pelos mais eminentes homens de Estado, e os banqueiros, vem desde o início dessa República. Contra eles houve advertências de Jefferson, Madison (os dois se opuseram à criação do Primeiro Banco dos Estados Unidos por Hamilton), Jackson (com seu famoso veto à renovação da patente do Segundo Banco), Lincoln, Wilson, Roosevelt e outros.

O Brasil foi sempre uma grande preocupação dos Rockefeller e do governo norte-americano. Nelson Rockefeller pretendia dominar a Amazônia, mediante a "evangelização" dos nativos. Washington, de acordo com Gerald K. Haines, da CIA (The americanization of Brazil) queria fazer de nosso país uma colônia dissimulada. No mesmo ano de 1991 – o do encontro de Baden – Collor iniciava o processo de submissão aos neoliberais, que Fernando Henrique completaria, de 1995 a 2003.

O ex-presidente quer voltar. Como disse anteontem em São Paulo, "Lula recebeu um país em condições melhores do que aquele entregue a mim por Itamar, e espero recebê-lo de volta em situação ainda melhor". Como se vê, nem Serra, nem Aécio: o candidato de Fernando Henrique é mesmo Fernando Henrique.

JB, quinta-feira, 26 de Março de 2009 - 00:00

quarta-feira, 25 de março de 2009

Amenidades, que ninguém é de ferro

The great escape
El País online de hoje comenta os 65 anos da fuga histórica de soldados britânicos (bem, tinha uns americanos lá, de lambuja) do campo de prisioneiros alemão Stalag Luft III (Polônia), na Segunda Guerra. John Sturges fez filme inesquecível em 1963, The great escape (com Steve McQueen, James Garner e brilhantes atores ingleses), que nossos tradutores transformaram em Fugindo do inferno. Cada vez que passa na TV eu vejo. É genial. O jornal conta que os veteranos britânicos Andrew Wiseman, Alfie Fripp, Frank Stone e Reg Cleber voltaram ontem ao túnel da famosa fuga da noite de 24 para 25 de março de 1944.

Mas o Times de Londres conta outra história. Os veteranos britânicos que ontem assistiam ao filme vaiaram não os nazistas, mas o "bobo" do Steve McQueen e sua moto. "Não ficamos impressionados quando o filme saiu", disse Reginald Cleaver, 86 anos, engenheiro de voo baleado na Holanda, que ajudou a costurar as roupas para a fuga. “Os trechos sobre o modo como o túnel foi cavado e como as coisas começaram foram bem precisos, mas o resto é puro nonsense". E mais: "Os americanos não tiveram participação na fuga. Americanos guiando motos foi ridículo".

O trágico: 50 fugitivos foram executados depois de recapturados como exemplo para outros prisioneiros. Ordens de Hitler. Apenas três fugitivos conseguiram escapar de fato. História bonita de verdade, de uma guerra que teve algum sentido. Hollywood realmente faz tudo para agigantar o papel dos americanos na Segunda Guerra -- minimizando o dos britânicos e, muito mais, o dos então soviéticos. Outro filme americano badalado, U-571 (2000), sobre a captura da Enigma, máquina alemã de criptografia, passa por cima do fato histórico de que as primeiras foram apreendidas pelos britânicos. Enfim, ao vencedor mais forte as batatas.

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Gran Torino
Marco foi ver ontem. Ficou extasiado. Ainda não consegui baixar, mas ele me fez ver um vídeo no Youtube sensacional, sobre a música que Clint e outro cara compuseram para o filme. O Clint canta!!! Táqui. Há outros, vai lá.

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Quantum of Solace
Não estou curtindo a atual fase do 007. Os roteiristas embarcaram num Bond dark demais. Prefiro o Bond superficial e bem-humorado, que ironiza suas inacreditáveis façanhas em prol do imperialismo -- foi engraçado ver o Matt Damon, meu amado Jason Bourne, chamar Bond de "imperialista asqueroso"! "Imperialista asqueroso" sim, mas cheio de humor britânico. Isso acabou nesta fase de Daniel Craig, iniciada ainda com Pierce Brosnan, quando ele passa dois anos preso e torturado numa cadeira norte-coreana. Ah, que saco! 007 é diversão!

Boston Legal, Eleventh hour, Fringe, The mentalist
A TV americana embarca em duas vertentes nos seus enlatados: o "progressismo" e o esoterismo. Claro que as idéias são todas dos britânicos, que fazem seriados pioneiros excelentes, depois os States copiam. E se saem frequentemente bem.

Boston Legal (Justiça sem limites, ô título imbecil, quartas, 21h, Fox) investe contra a homofobia, a indústria do tabaco, a indústria farmacêutica; simplesmente espetacular! Eleventh hour (segundas, 22h, Warner) e Fringe (terças, 22h, Warner -- é do JJ Abrams, mas espero que ele não embarque noutra viagem tipo Lost, que virou um porre; o episódio de ontem já teve umas trocas de tempo esquisitas...) detonam experimentos científicos sem ética, sem eira e sem beira. The mentalist (quintas, 21h, Warner... compete com o ótimo Bones, da Fox, vejo um de madrugada ou no domingo, depende) é excelente graças ao genial Simon Baker, o detetive Patrick Jane, que tem percepção quase sobrenatural das coisas. Resumindo: tenho me divertido muito com meus enlatados. Mais progressistas, unem o útil ao agradável. Adoro Law & Order e similares, mas é duro suportar aqueles policiais conservadores que odeiam médicos que fazem aborto. E lá é legal, pô! Um ou outro personagem escapa ao conservadorismo fundamentalista.

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Em tempo -- Esqueci de incluir na lista de esotéricos The listener (segundas, 21h, Fox), que conta as aventuras de um paramédico leitor de pensamentos alheios (bobinho, com dublagem irritante, tão grave é a voz do ator brasileiro) e Eli Stone (quintas, 21h, a única coisa assistível na Sony, excelente seriado de tribunais cujo personagem principal fala com deus, que lhe deu de presente um aneurisma no cérebro que provoca alucinações hilárias, loucas a ponto de mudar a cabeça do sócio principal do escritório, que se torna advogado mais humanista e defensor de boas causas, em vez de conglomerados). É intrigante e divertido; as alucinações musicais lembram um pouco as do escritório de advocacia de Ally McBeal, o mais musical do mundo (sinto saudade dos karaokês de fim de expediente, quando todos botavam as neuras pra fora dançando e cantando músicas inesquecíveis do meu tempo).

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Life
BOM MESMO é Life (quartas, 20h, AXN), que conta a busca do detetive Charlie Crews (Damian Lewis, lindo, cabelos vermelhos e olhos azuis; se anjo tem cara deve ser a dele, com seu comovente olhar zen) ao assassino de uma família, crime do qual foi acusado e lhe rendeu 12 anos de cadeia. Ao sair, inocentado, ganha uma fortuna de indenização, recupera o cargo e resolve crimes difíceis, sempre comendo maçã, filosofando e caçando o tal assassino. Mas é perigoso se apegar às séries do AXN. Não é um canal confiável. Tirando Lost, que prossegue tediosamente, eles acostumam o freguês com os excelentes NCIS, Criminal minds, por exemplo, e de repente tiram do ar.

Eureka
Esse é imperdível (SciFi, quartas, 21h -- hoje tem!!!)! Um agente do FBI aceita ser xerife de uma cidade americana habitada só por cientistas (inspirada em Los Alamos). Enquanto resolve mistérios com seu QI de apenas 112 (a média local é 150), critica com humor ou amargura, dependendo dos danos causados, as experiências malucas e irresponsáveis feitas no pedaço.

Fui!

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Troquei umas datas e estava consertando quando caiu a luz. Diacho... Faltou falar de Terminator: The Sarah Connor Chronicles (Warner), que saiu da quarta para o ostracismo dominical. Gosto demais da Sarah do Terminator da telona (Linda Hamilton), mas essa atriz do seriado, Lena Headey, é mais completa, creio. É uma fria guerreira também, mas expõe uma tristeza tocante, que faltava à Sarah original. E que roteiristas! Em meio ao suspense permanente, o diário que ela narra em off -- as tais chronicles --, sobre perdas e danos em sua vida inglória, parte corações. A gente pode aproveitar até para nossa época, para esse tempo em que a máquina destruidora é Gi*lm*ar Dan*tas.

E não posso esquecer Numb3rs (terças, 19h, Telecine Action). Imperdível!!!!!!

Agora fui mesmo!

Real e imaginário

Lembram que antigamente se dizia que Brasília e classes dominantes viviam num Brasil de fantasia cercado do Brasil real por todos os lados, tipo Morumbi & Paraisópolis?

Mudou. Agora, o Brasil de fantasia, que somos nós que vemos tudo, sabemos de tudo e nada fazemos, é que cerca o Brasil real, este dos desmandos de Dan*ieis e Gi*lm*ares, FHCs e Serras, Sarneys e Temeres, acobertados todos pela imprensa. Minha nossa...

Fico pasma!

Quer dizer que a corrupção ativa é "suposta"? O cara foi condenado, a corrupção foi comprovada, há vídeo e áudio LEGAIS comprovando!

Estadão de hoje.
SÃO PAULO - O sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, vai recorrer da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3) que rejeitou habeas-corpus pedindo trancamento da ação penal na qual foi condenado a 10 anos de prisão por suposta corrupção ativa. A defesa só aguarda a publicação do acórdão da 5ª Turma do TRF 3, que rechaçou a tese de ilegalidade na parceria entre Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Polícia Federal. O recurso poderá ser apresentado no próprio TRF ou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A receita da desmoralização

Quem assistiu aos vídeos abaixo percebeu que o importante no debate do programa não foi nem o trecho sobre as maracutaias de Gil*mar Dan*tas, e sim a desconstrução da Operação Sa*tiagr*aha e a desmoralização da PF como investigadora da corrupção. Junte a farinha do artigo do Nassif, acrescente os ovos da sabatina que a Folha fez ontem com o GD e complete com a notícia dada ontem nas emissoras Grobo de que a PF queimou não sei quantas toneladas de maconha. Você tem o grude prontinho: os corruptos venceram. A PF sossegou e voltou a incinerar drogas, que é o papel dela. Onde já se viu incomodar corrupto e criminoso de colarinho branco? Eu, hein!?

terça-feira, 24 de março de 2009

Pronto. Resolvido!

O silêncio dos jornais

Luciano Martins Costa em 24/3/2009

(Observatório da Imprensa)

A Folha de S.Paulo e o Globo ignoraram a notícia, mas o Estado de S.Paulo publica na edição de terça-feira (24/3), com destaque, que o Tribunal Regional Federal da 3ª Região impôs ontem uma importante derrota à estratégia de defesa do banqueiro Daniel Dantas.

O controlador do banco Opportunity queria trancar a ação penal nascida da acusação de corrupção ativa, por tentativa de subornar um delegado federal para ser excluído da chamada Operação Satiagraha.

A decisão é fundamental para o prosseguimento das ações judiciais contra Dantas. Por essa razão, os leitores da Folha e do Globo ficarão menos informados sobre o assunto do que os leitores do Estadão.

A defesa de Daniel Dantas queria que a Justiça Federal considerasse irregular a parceria feita entre a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência – Abin – durante as investigações. Se a Justiça acatasse essa tese, o processo poderia ser abortado, mas os magistrados votaram por unanimidade considerando que a ação conjunta entre a Abin e a Polícia Federal não tem nada de errado.

Muito barulho

Fica, portanto, sobre a mesa, uma questão incômoda para ser respondida pela imprensa. A quem mais, a não ser ao próprio Daniel Dantas, interessaria toda a campanha feita principalmente pelos jornais O Globo e Folha de S.Paulo e pela revista Veja, no sentido de criminalizar as ações da Polícia Federal junto com a Abin?

Fica evidente, até mesmo para o leitor mais distraído com a paisagem, que parte da imprensa brasileira tem dedicado os últimos meses mais energia e espaço à tentativa de desqualificar os investigadores do que a investigar o acusado.

Foi tão desproporcional a concessão de espaço para supostas revelações sobre desmandos atribuídos ao delegado Protógenes Queiroz e ao juiz responsável pelo caso Satiagraha, Fausto de Sanctis, que algum leitor poderia supor que o delegado e o juiz é que eram os principais acusados.

O fato de parte da imprensa omitir na terça-feira (24) de seus leitores que a Justiça Federal considera normal a parceria entre a Polícia Federal e a Abin chega a soprar na brasa da teoria conspiratória segundo a qual o banqueiro contaria com a solidariedade de algumas redações.

Será que foi apenas um "furo" do Estadão? Os outros jornais não têm acesso à agenda da Justiça Federal?

Depois de todo barulho a respeito das ações conjuntas entre as duas instituições, o silêncio da Folha e do Globo chega a ensurdecer.

A disputa pelos leitores

O caso Satiagraha deflagrou uma guerra nos bastidores da imprensa, que só pode ser acompanhada pela internet.

Desde o já clássico confronto entre a revista Veja e o jornalista Luis Nassif, até os vazamentos e contravazamentos de supostas revelações da Polícia Federal, o escândalo envolvendo o banqueiro Daniel Dantas dá uma idéia de outra disputa que marca este começo de século: a disputa entre a imprensa tradicional, de papel, e a nova imprensa, que trafega pelos meios eletrônicos, pela atenção e o tempo dos leitores.

A internet está completando sua segunda década. A configuração gráfica da comunicação entre computadores, inaugurada com o navegador Mosaic, em 1994, cresceu, se espalhou pelo mundo e se miniaturizou, conquistando espaço também nas telinhas dos telefones celulares. O jornalismo infiltrou-se pelos novos meios, e agora o leitor, antigo receptáculo passivo de informações, é também agente e observador da imprensa.

sexta-feira, 20 de março de 2009

INACREDITÁVEL

Gilmar Mendes ligou para Michel Temer e mandou tirar da programação e do site da TV Câmara o programa Comitê de Imprensa, de Paulo José Cunha, em que Leandro Fortes contava a história das irregulartidades envolvendo o Instituto Brasileiro de Direito Público, do qual Mendes é proprietário. O programa, de 11/3, já tinha ido ao ar seis vezes, e milhares tinham baixado da internet. Leandro está sendo processado por Mendes por ter feito matéria a respeito na Carta Capital.

Leia aqui a Carta aberta aos jornalistas brasileiros, de Leandro Fortes.

Fiquei pasma. O programa está no Youtube e reproduzo aqui. Vamos ver por quanto tempo o censor-mor da República permitirá.

Parte 1



Parte 2



Parte 3

quinta-feira, 19 de março de 2009

Xô, urubólogos

O PHA anuncia assim esse artigo, que é do dia 14, sob uma foto da dita-cuja: "A urubóloga Miriam Leitão, porta-voz do quanto pior melhor". Hihihi... (ah, a propósito do PS do Gilson, nem tinha sido anunciada a retomada do emprego, que ao longo do dia de hoje, quarta, não vi destacada em nenhum site!)

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O Armagedon da grande imprensa

Gilson Caroni

Crise econômica ou Armagedon? Após o IBGE ter divulgado uma queda de 3,6% no crescimento da economia brasileira no último trimestre de 2008, os editores de primeira página de O Globo e da Folha de S.Paulo não hesitaram em recorrer, na quarta-feira (11), às habituais formas de terrorismo editorial. A capa do diário carioca ostentava: ''Indústria desaba. Consumo cai e já se teme 2009 com recessão''. O jornal paulista não ficou atrás: "Queda do PIB no Brasil é uma das piores do mundo".

O fato de a desaceleração ter ocorrido no último trimestre pareceu irrelevante para os editores da conhecida publicação da Barão de Limeira. Apoiando-se no que julgava ser potencialmente mais explosivo, omitiu um dado de capital importância para compreensão da realidade econômica do país: o PIB brasileiro, apesar da crise em escala planetária, apresentou o segundo maior crescimento mundial. Ou seja, outras manchetes seriam possíveis. Algo do gênero “Apesar da recessão global, PIB cresce 5,1%''. Por que não? Por determinações da pequena política.

Que tipo de jornalismo está sendo feito no Brasil? Para quais interesses é direcionada sua estrutura narrativa? É o caso de reexaminar, como já sugeriu o jornalista Alberto Dines, procedimentos e padrões para a formulação de títulos? Ou o claro viés ideológico clama por uma inflexão de outra natureza? O que está em xeque é a própria ética do fazer jornalístico.

Como ressalva o editor do Observatório da Imprensa, “de nada adianta registrar todos os dados, reproduzi-los no corpo da matéria se a titulação-espelho fiel da busca da verdade beneficia apenas um ângulo”. Aquele que melhor atende aos objetivos de uma oposição sem projetos, fingindo fazer interpretação equivocada da Teoria da Catástrofe. Sejamos claros nesse ponto: o problema não é desvio conceitual, mas de caráter mesmo.

Mais uma vez, o que temos aqui são manchetes que, ignorando a apuração para obter impacto, não revelam incompetência, mas disposição de submeter o leitor e/ou telespectador à desinformação, ao fatalismo de profecias que se auto-realizam, à erosão da popularidade de quem governa.

Canto da sereia já não seduz

Será que ainda não se deram conta que uma nova opinião pública se consolidou, apesar do conteúdo que produzem? Analisando o processo eleitoral de 2006, a jornalista Ana Rita Marini (em MídiaComDemocracia nº 5, janeiro de 2007, revista do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação) constatou que "distante da influência das manchetes, o eleitor não se deixou levar pelo canto da sereia nos maiores veículos de comunicação". Não é o caso de se deter diante das conseqüências deste fenômeno, tão imprevisíveis quanto os da crise do capitalismo, antes de seguir na linha de jornalismo de campanha?

Já não passou da hora de a imprensa brasileira botar sua cultura no divã e ver que, se ela tem mudado os seus absolutos, eles continuam com a mesma face odiosa? Vale a pena manter a linha autoritária, acrescentando nuanças aparentemente democráticas? Ou o dilema dos barões da mídia é o mesmo de lideranças oposicionistas que veem em 2010 não apenas mais uma eleição presidencial, mas a própria sobrevivência política?

Nesse caso há um subtexto, uma manchete oculta na primeira página de O Globo. "A agenda conservadora desabou, seu candidato começa a cair e há sinais de derrota nas eleições de 2010". Se for isso, o Armagedon está explicado.

PS: Este artigo estava concluído quando o IBGE anunciou crescimento de vendas no varejo em janeiro. E agora, qual será a manchete? "Governo falha. Demanda cresce e há sinais de aumento do consumo em 2009"? Fica como sugestão.

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A crise tem que ser maior para derrubar o presidente Lula e apressar a posse de Zé pedágio. Tão simples quanto isso. (Paulo Henrique Amorim)

terça-feira, 17 de março de 2009

SOCORRO! Faço o quê?

Estava calmamente postando o texto do Nassif. Uma sombra passa voando sobre a minha cabeça vinda da janela, só pode ser um bicho. Ai meu deus, Marco saiu, e agora? Vou ficar calma, não tô nem aí. A visão periférica não perdoa: algo escuro se move à minha esquerda. Olho bem devagar, para não enfartar. A maior barata que já vi na vida sobe lentamente pela parede ao lado da porta. Ando traumatizada. Outra voadora noutro dia pousou no meu braço. Quase morri. Mas o Marco estava em casa...

Corro ao banheiro para pegar um tênis all star, que tem sola bem pesada. Volto com medo de a feladumaégua ter se mandado. Nada, tá bem ali. Cravo-lhe uma allstarada forte. Cai durinha, de pata pra cima. Ligo, Marco diz: pega a pá e joga pela janela. E se ela revive? Barata nunca morre! Fui até o portão para ver se há algum amigo disponível na praça. Nada. Ando pela casa por meia hora. Faço o quê|? Faço o que, pô??? Matar eu mato, pegar o cadáver é outra coisa. Perdi Fringe, parei o trabalho, tudo.

Fervo água, jogo em cima. Tá imóvel. FAÇO O QUE, PELAMORDEDEUS????

Espero o Marco.

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Fotografei o cadáver e postei, mas resolvi tirar. Too disgusting.

Nossa tragédia, tintim por tintim

Luis Nassif em estado puro, gente! Que o diabo nos ajude, já que deus está com eles.

(Enviado pela Vera)

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O Sistema Brasileiro de Inteligência e o jogo político

(Desenvolvendo melhor o post anterior.)

Quando FHC saiu do governo, escrevi o artigo “Uma obra de arte política”, descrevendo a habilidade da sua estratégia de governabilidade - e o desperdício de não ter sido utilizada para um plano de desenvolvimento amplo.

A estratégia consistia em cooptar chefes regionais com migalhas do poder, mantendo incólumes os pilares centrais do governo.

Mas esta era apenas a perna conhecida do modelo criado por FHC.

A peça central, obscura, era o controle estrito sobre o Ministério da Fazenda e toda a estrutura debaixo dele - Banco Central, CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Secretaria da Receita Federal (SRF).

Não se tratava apenas de manter o controle técnico sobre a economia. Era nesses ambientes que se fortalecia a perna oculta do sistema de poder que estava sendo montado: a criação de um modelo sistêmico de aliança com o crime organizado (de colarinho branco), que se expandia na indústria de offshores, de bancos de investimentos, de gestores de recursos.

A maneira como Gustavo Franco autorizou as operações do Banco Araucária, os leilões da dívida pública (sempre com dúvidas sobre sua transparência), o caso emblemático do Banco Santos - desde 1994, um banco quebrado que, mesmo assim, enviava centenas de milhões de dólares para o exterior, com autorização do Banco Central - e, especialmente, o caso Opportunity, demonstravam uma ampla cumplicidade entre autoridades e transgressores. A estrutura de fiscalização do Estado ficou totalmente imobilizada pelas ordens que emanavam do centro do comando financeiro do governo.

O controle do Estado

Em entrevista que concedeu ao Terra Magazine, FHC definiu a Satiagraha como uma luta pelo controle do Estado. Estava completamente certo.

Quando o PT assumiu o poder, seguiu ao pé da letra a receita de FHC - tanto nos acordos fisiológicos inevitáveis, quanto na tentativa de cooptação desses grupos barras-pesadas.

Esse trabalho foi conduzido por dois estrategistas políticos de Lula, José Dirceu e Antonio Palocci. Palocci atuava especialmente através do Conselhinho (o Conselho que julga os recursos dos agentes financeiros) e da CVM - nas gestões Marcelo Trindade e Cantidiano. Livra-se o Banco Pactual de autuações severas por crimes fiscais, livra-se Dantas por crimes de lavagem de dinheiro e de desobediência às regras cambiais brasileiras, permite-se que o Banco Santos se torne o maior repassador de recursos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) em uma leniência sistemática.

O Opportunity passa a financiar Delúbio Soares, através da Telemig Celular e Amazonia Celular. Palocci tornou-se próximo de André Esteves, do Banco Pactual. E o BC mantinha olhos fechados para os crimes de lavagem de dinheiro.

O Sistema Brasileiro de Inteligência
Esse esquema começa a esboroar não apenas com o chamado escândalo do “mensalão”, mas pela iniciativa histórica do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, de montar o Sistema Brasileiro de Inteligência, de forma paralela com o que ocorre em outros países, quando os Estados nacionais se organizam para enfrentar a internacionalização do crime organizado.

Nesse momento, começa a ruir o modelo de governabilidade baseado na aliança com o crime organizado. Com o Sisbin, o funcionário do BC não responde mais à sua diretoria mas a uma estrutura superior e interdepartamental. O mesmo ocorre com outros funcionários da área econômica. O controle imobilizador acaba.

Sentindo que o processo era inevitável, e escaldado pelo "mensalão", Lula dá ampla liberdade para o aparato do Estado se organizar.

Pela primeira vez, o Estado começa a cumprir suas funções e os funcionários públicos a se libertarem das amarras impostas por esse pacto espúrio.

Continua aqui!

Deu no PH Amorim!

"O Supremo Pres*idente do Sup*remo, Gi*lm*ar Da*ntas, segundo Ric*ardo Nob*lat, entrou com uma ação contra a revista Car*ta Cap*ital e o repórter Lea*ndro For*tes, autor da reportagem sobre um Ins*tituto de Educ*ação à Di*stância, de que Gi*lmar Dant*as, segundo Nob*lat, é sócio.

O advogado do Su*premo Presidente é Sér*gio Ber*mudez, que foi um dos primeiros, mais abnegados e mais bem remunerados advogados de Da*000niel Da000ntas."

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Jesus Cristo... Por essas e outras é que o Mi*no Car*ta desistiu DE NOVO do blog dele, segundo me contou o Marco (que também me repassou a nota acima). Cansou do Brasil, e a gota d'água foi o caso Bat*tisti, sobre o qual não tenho qualquer interesse. Eu também cansei, mas desse Brasil do Gi*000lmar Dan***tas.

sábado, 14 de março de 2009

Não cansaram não?

A cada novo presidente dos EUA o Brasil pede um novo olhar para a América latina. Adoro o Obama, mas não adianta esperar. Somos periferia, não temos peso!

O encontro Obama-Lula está na Fox News, no Huffington Post (notícia associada à do americano picareta que tenta reaver o filho brasileiro), em El País, mas é tudo assunto periférico. Se a América Latina não formar um bloco econômico sólido, lamento, continmuará periférica.

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A Fox News está mostrando ao vivo a coletiva dos dois. CNN e BBC, não. Aliás, Record News, Band News e Globo News (ô povo pra usar inglês... o que há de errado com a palavra "notícia"?) também estão.

Que noite, hein?

Entro no carro, ligo o rádio: 18h13, avisa o repórter do helicóptero.

-- Vem um temporal aí. Na Baixada já chove forte. Vejo relâmpagos por toda parte.

Penso, vou voando baixo pra chegar antes da chuva.

Mal saio do prédio da Expansão da Fiocruz, não posso entrar no atalho para a Linha Vermelha: bem ali, há um corpo estendido no chão. Vejo o Rodrigo, colega do quinto andar, desviando os carros, mas não consigo parar para ajudar: estou "sanduichada" entre dois ônibus, o que está atrás de mim quase me engole. Vou olhando pelo retrovisor o rosto do Rodrigo, preocupado; eu também. Penso, pego a saída pra Linha Vermelha e retorno pelos caminhos de terra pra ir lá ajudar. Faço muito isso para escapar do engarrafamento da Cedae. Até já me perdi na Vila do João. Não dá! Um ciclista encobre a primeira picada, motoristas alucinados não me permitem reduzir para pegar o segundo desvio, muito precário. Bando de loucos. Um desse tipo deve ter atropelado o pobre homem lá atrás.

Celular novo, quase todos os telefones perdidos, nem posso alertar meus chefes, que estavam deixando a redação e logo passariam por ali. Droga! Como fui perder a droga do celular??? Sigo meu caminho, arrasada. Baita engarrafamento na Linha Vermelha, mas a Perimetral e a Francisco Bicalho estão livres. O Genilson do helicóptero avisa:

-- Motorista, prepare-se para um temporal daqueles. Chuva intensa na Baixada. Já recebemos ordem para voltar à base.

Antecipo: vai faltar luz. Mal chego em casa, Marco sai para levar o pai à Saens Peña. Penso, vem preocupação aí. Relâmpagos e trovões assustam. As gêmeas do andar de cima gritam de medo. Organizo meus e-mails, salvo alguns anexos. Cai a luz. Volta a luz. Cai a luz. O no-break ainda ilumina a tela: acho as velas, as lanterninhas. Sem luz, sem computador, sem TV, sem telefone (um aparelho velho que eu tinha não precisava de energia... onde andará ele?). Não consigo fechar as persianas, a água entra pela janela e faz poça no meu quarto! Droga! Agradeço aos inventores do celular. Ligo para o Marco: o celular dele responde no quarto ao lado. Que maluco, sai na chuva sem celular. E se precisar do socorro, liga de onde? Sinceramente? Faço questão de celular só para ter como chamar o socorro num aperto.

Marco fez um caminho doido pelo alto da Tijuca e chega bem. Conversamos em meio às velas e às lanterninhas de luz fria: a reunião da associação de moradores de Santa na quinta, uma entrevista que ele deu de manhã à TV Futura, ciência, religião, crendices, mistérios... enchemos o saco. Vamos comer picanha na Majórica? Vamos! Estamos fechando a porta, toca o celular do Marco. É o Adriano, que mora no terceiro andar de um predio pequeno um pouco acima do Largo das Neves, ou seja, beeeem no alto. Alagou a casa dele! Tiraram água da sala com rodo!!! Quequéisso???

Vamos por cima, descemos pela Glória, chegamos rapidinho à Paissandu e à Senador Vergueiro. Majórica lotada, 20 minutos de espera. Quando entramos, as salas com ar-condicionado estão desertas! Moço, o que houve com as salas refrigeradas? Inundaram! Tem uma obra no motel em cima e entrou água...

Pode? Quase meia-noite, Marco liga, a luz voltou em Santa. Subimos pela Rua Alice. Lixo, montes de lixo, cheiros indescritíveis por todo o caminho. Cadáveres? "Qualquer coisa orgânica, mãe, pode ser um gato", diz meu filho. Chegamos ao Largo, paramos na carrocinha do João. A luz voltou há uma hora. Que bom, vou ver um filme.

Só se for no computador (tenho Austrália e Seven pounds baixados). Porque a TV está sem sinal. Ligo. "Sua região está sem sinal, senhora Marinilda". Ah, ok, e qual é a previsão? "Amanhã às 18h".

Dizer o quê? Que a vida é uma merda? A vida é uma merda para os que perderam tudo no temporal. Aposto que serão muitos. Ou para o rapaz atropelado perto da Expansão. Pra mim, a vida é suave. Obrigada a todos que contribuem.

***

BREAKING NEWS


* O ATROPELADO ERA VUIGILANTE DA EXPANSÃO! ESTÁ BEM, QUEBROU O É!!!

* Ah, e a Net voltou antes de eu acordar. Não disse que a vida (para alguns) é suave?

quinta-feira, 12 de março de 2009

Mãos e pés!!!!

PHA 1

Maddoff foi imediatamente algemado. Os EUA têm muito a aprender com o Brasil!

PHA 2

Thomas Carlyle: se ninguém reagir, Gilmar dá o golpe! É um atrevido!

PHA 3

A navalha tá imperdível!

Nada mais a fazer

Um filho desolado é dor que não desejo a ninguém. Desolação provocada pelo seguinte trecho de um "editorial" desse pasquim de baixeza indescritível:
O escândalo [???] das extrapolações da Operação Satiagraha -- algumas, ainda desconhecidas, reveladas [???] pela revista Veja -- marca a confirmação [???] da existência de um projeto de estado policial [???] em execução na PF, na Abin -- sob a direção de Paulo Lacerda --, com ramificações no Judiciário e no Ministério Público.

A comprovação [???] da montagem de um braço clandestino de espionagem reforça a importância do Poder Judiciário e do Ministério Público no papel de coibir excessos do Executivo.

Não fossem a decisão do presidente [???] do Supremo, Gilmar Mendes, com apoio da Corte [???], de barrar o grupo de Protógenes, e a atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na vigilância [???] do juiz De Sanctis -- a conexão jurídica da operação messiânica e inconstitucional do delegado --, mais estragos poderiam ter sido causados pela arapongagem autônoma.

A prorrogação da CPI dos Grampos por mais 60 dias, aprovada ontem, é essencial para que não apenas seja mapeada toda essa operação clandestina, mas se formulem medidas legais a fim de cauterizar na origem toda tentativa futura de se manipular [sic] recursos jurídicos e esseciais a serviço do arbítrio -- não importa por que motivos.
Pode? Não. E não posso continuar dando meu dinheiro sofrido a um pasquim que liderou a ditadura, descaradamente não se autonominou quando tratou do apoio civil aos militares, corre a ouvir a igreja em qualquer questão e, mais udenista do que nunca, lidera o PIG. Isso não é jornal, é panfleto de extrema-direita, e eu não estou aqui para sustentar cocô de fascista. Vão cagar em outro bolso.

domingo, 8 de março de 2009

Por que não tenho postado

Disse aí abaixo que está tudo tão ruim que dá vontade de gritar. Daí, perco a vontade de postar. Postar pra quê? Ando radical demais, e não faz sentido ficar perturbando os amigos.

No país, estupro de criança em toda parte, jornal-braço da ditadura chamando a ditacuja de ditabranda, presidente do Supremo, "o nosso Berlusconi", condenando o MST por antecipação, Collor de volta a posições de comando, Renan ditando as regras no Senado, Sarney e Temer corrompendo á vontade, ACM Neto presidindo a comissão de ética, Dilma em missa de um tal padre marcelo, revista mentindo sobre Protógenes, direita dos EUA comendo o Obama... falar o quê?

No cotidiano, restaurante escroto faz economia no ar-condicionado (tive que mudar de restaurante três vezes na Lapa na sexta!), o Globo tá mais infernal do que nunca na cobertura dos fatos mais simples, meus seriados favoritos caíram pra caramba de qualidade, a UPA tira dinheiro do SUS e já está dando os mesmos problemas do SUS, o IR vai comer de novo a grana das minhas férias, tive que renovar o seguro do carro e ainda por cima tenho trabalhado que nem cão.

Dá pra postar? Acabou minha moderação. Só penso em cadeia pra tudo e todos.

Deu na Folha

Manifestação contra Folha reúne 300 pessoas em frente ao jornal

Militantes fazem desagravo a professores, que não comparecem a evento

(Folha, 8/3)

Cerca de 300 pessoas participaram ontem pela manhã de manifestação contra a Folha em frente à sede do jornal, na região central de São Paulo. O ato público tinha o duplo objetivo de protestar contra editorial publicado pelo jornal no dia 17 de fevereiro, que usou a expressão "ditabranda" para caracterizar o regime militar brasileiro (1964-1985), e prestar solidariedade aos professores Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato. Nenhum dos dois estava presente.

A Folha publicou no "Painel do Leitor" 21 cartas sobre o assunto, 18 delas críticas aos termos do editorial, entre as quais as assinadas por Benevides e Comparato. Segundo escreveu este último, o autor do editorial e o diretor de Redação que o aprovou "deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro". Em resposta, o jornal classificou a indignação dos professores de "cínica e mentirosa", argumentando que, sendo figuras públicas, não manifestavam o mesmo repúdio a ditaduras de esquerda, como a cubana.

Desde então, além de cartas, o jornal vem publicando artigos a respeito da polêmica, alguns dos quais com críticas ou reparos à própria Folha. O protesto de ontem foi organizado pelo Movimento dos Sem-Mídia, idealizado pelo blogueiro Eduardo Guimarães. O público era composto na sua maioria por familiares de vítimas da ditadura, estudantes e sindicalistas ligados à CUT.

Abaixo-assinado

Um abaixo-assinado de repúdio ao editorial da Folha e solidariedade a Benevides e Comparato circulou pela internet nas últimas semanas. Entre seus signatários estão o arquiteto Oscar Niemeyer, o compositor e escritor Chico Buarque, o crítico literário Antonio Candido e o jurista Goffredo da Silva Telles Jr. Niemeyer disse que "o convite para assinar veio de um amigo muito querido, que foi preso e torturado. Fiquei muito chateado, porque gosto do pessoal da Folha. Fiquei constrangido, mas não podia dizer que não". O arquiteto disse não ter lido o editorial. Na sua versão eletrônica, o abaixo-assinado contava com mais de 7.000 adesões, cuja autenticidade, porém, não há como comprovar.

Segue a íntegra do texto:

"Ante a viva lembrança da dura e permanente violência desencadeada pelo regime militar de 1964, os abaixo-assinados manifestam seu mais firme e veemente repúdio à arbitrária e inverídica revisão histórica contida no editorial da Folha de S.Paulo do dia 17 de fevereiro de 2009.

Ao denominar ditabranda o regime político vigente no Brasil de 1964 a 1985, a direção editorial do jornal insulta e avilta a memória dos muitos brasileiros e brasileiras que lutaram pela redemocratização do país. Perseguições, prisões iníquas, torturas, assassinatos, suicídios forjados e execuções sumárias foram crimes corriqueiramente praticados pela ditadura militar no período mais longo e sombrio da história política brasileira. O estelionato semântico manifesto pelo neologismo ditabranda é, a rigor, uma fraudulenta revisão histórica forjada por uma minoria que se beneficiou da suspensão das liberdades e direitos democráticos no pós-1964.

Repudiamos, de forma igualmente firme e contundente, a Nota da Redação, publicada pelo jornal em 20 de fevereiro em resposta às cartas enviadas ao "Painel do Leitor" pelos professores Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato. Sem razões ou argumentos, a Folha de S.Paulo perpetrou ataques ignominiosos, arbitrários e irresponsáveis à atuação desses dois combativos acadêmicos e intelectuais brasileiros. Assim, vimos manifestar-lhes nosso irrestrito apoio e solidariedade ante as insólitas críticas pessoais e políticas contidas na infamante nota da direção editorial do jornal.

Pela luta pertinaz e consequente em defesa dos direitos humanos, Maria Victoria Benevides e Fábio Konder Comparato merecem o reconhecimento e o respeito de todo o povo brasileiro."

***

Folha avalia que errou, mas reitera críticas

O diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, divulgou ontem as seguintes declarações: "O uso da expressão ditabranda em editorial de 17 de fevereiro passado foi um erro. O termo tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto. Todas as ditaduras são igualmente abomináveis.

Do ponto de vista histórico, porém, é um fato que a ditadura militar brasileira, com toda a sua truculência, foi menos repressiva que as congêneres argentina, uruguaia e chilena -ou que a ditadura cubana, de esquerda. A nota publicada juntamente com as mensagens dos professores Comparato e Benevides na edição de 20 de fevereiro reagiu com rispidez a uma imprecação ríspida: que os responsáveis pelo editorial fossem forçados, "de joelhos", a uma autocrítica em praça pública.

Para se arvorar em tutores do comportamento democrático alheio, falta a esses democratas de fachada mostrar que repudiam, com o mesmo furor inquisitorial, os métodos das ditaduras de esquerda com as quais simpatizam." Otavio Frias Filho

Deu na Time

The case of the pregnant 9-year-old was shocking enough. But it was the response of the Catholic Church that infuriated many Brazilians. Archibishop Jose Cardoso Sobrinho of the coastal city of Recife announced that the Vatican was excommunicating the family of a local girl who had been raped and impregnated with twins by her stepfather, because they had chosen to have the girl undergo an abortion. The Church excommunicated the doctors who performed the procedure as well. "God's laws," said the archbishop, dictate that abortion is a sin and that transgressors are no longer welcome in the Roman Catholic Church. "They took the life of an innocent," Sobrinho told TIME in a telephone interview. "Abortion is much more serious than killing an adult. An adult may or may not be an innocent, but an unborn child is most definitely innocent. Taking that life cannot be ignored."

The case has caused a furor. Abortion is illegal in Brazil except in cases of rape or when the mother's life is in danger, both of which apply in this case. (The girl's immature hips would have made labor dangerous; the Catholic opinion was that she could have had a cesarean section.) When the incident came to light in local newspapers, the Church first asked a judge to halt the process and then condemned those involved, including the 9-year-old's distraught mother. Even Catholic Brazilians were shocked at the harshness of the archbishop's actions. "In this case, most people support the doctors and the family. Everything they did was legal and correct," says Beatriz Galli, the policy associate for Ipas Brasil, an NGO that fights to give women more say over their health and reproductive rights. "But the Church takes these positions that are so rigid that it ends up weakened. It is very intolerant, and that intolerance is going to scare off more and more followers."

(Continua aqui)

Aliás, bem dando no mundo inteiro. Que vexame... Só destaquei essa porque mostra que brasileiros ficaram furiosos com a reação desses palhaços. Isso é um excelente sinal.

Acabo de enviar a mensagem abaixo

Assunto: EXIJO SER EXCOMUNGADA!!!!!!!!!‏
De: Marinilda Carvalho (incluí meu e-mail)
Enviada: domingo, 8 de março de 2009 14:34:22
Para: arcebispo@arquidioceseolindarecife.org.br

Srs. da igreja católica,
Aprovo inteiramente a ação do corpo de saúde do Cisam.
Não pratico sua religião raivosa e monstruosa, na verdade a abomino, mas, como fui batizada, dela quero ser excluída oficialmente.
EXIJO SER EXCOMUNGADA!
Marinilda Carvalho
RG (incluí meu RG) IFP/RJ

sábado, 7 de março de 2009

Queria ter escrito isso!

Retorno às trevas

Alberto Dines

(Publicado no iG em 6/3/09)

Um dia antes, entre compungida e devota, a quase-candidata Dilma Rousseff leu a Bíblia e participou do show-missa bizantino do padre Marcelo Rossi. Nesta sexta-feira, no Espírito Santo, o presidente da República deixou o script de lado, esqueceu as conveniências políticas e a estratégia de agradar a todos e fez um veemente protesto contra a excomunhão dos médicos que fizeram o aborto na menina estuprada pelo padrasto. “Neste aspecto, a medicina está mais correta do que a Igreja”, proclamou o presidente.

Neste aspecto e em muitos outros. E não apenas a igreja católica: as religiões, todas as religiões, estão redondamente enganadas ao imaginar que a humanidade ainda não passou pelo Renascimento e o Iluminismo e que o processo civilizatório deteve-se no tempo.

Mais piedosa e, sobretudo, mais humana do que o arcebispo de Olinda e Recife que pronunciou o anátema, a diretora do centro médico onde se processou o aborto declarou: “Graças a Deus estou no rol dos excomungados”. “Graças a Jesus Cristo sou ateu”, escreveu o filósofo e político italiano Gianni Vattimo no diário espanhol El País (domingo, 1/3, p. 25).

Além de cometer o pecado da arrogância e da soberba, o arcebispo d. José Cardoso Sobrinho criou um caso diplomático entre a Santa Sé e o Estado brasileiro. A afoiteza da sua manifestação contraria frontalmente a recente Concordata assinada em Roma pelo presidente Lula e o papa Bento XVI. Trata-se de uma clara ingerência nos assuntos internos do país, já que na quarta-feira, quando excomungou os médicos e a mãe da menina violentada (que autorizou a intervenção médica), o arcebispo declarou que quando uma lei promulgada pelos legisladores contraria a lei de Deus, essa lei humana não tem qualquer valor. O sacerdote insubordina-se contra as leis que deveria respeitar na condição de representante de um Estado estrangeiro e promove abertamente a subversão da ordem no país que lhe oferece proteção e liberdade.

Esta é uma oportunidade preciosa para retomar a discussão sobre o caráter laico e secular do estado moderno. Os conceitos de democracia e cidadania não têm condição de conviver com dogmas cerceadores da liberdade de escolher.

Como aconteceu recentemente na Itália (quando o Vaticano desafiou as autoridades que aceitaram a interrupção da alimentação venosa da jovem Eluana Englaro, há 17 anos em estado vegetativo), é imperioso estabelecer limites nítidos entre as crenças individuais e as normas que regem a sociedade. Crer ou descrer são prerrogativas íntimas, não podem ser desrespeitadas nem impostas.

Quando foi divulgada a suposta agressão de Paula Oliveira por skinheads suíços, o país reagiu com veemência às doutrinas xenófobas e racistas que tomam conta da Europa. Agora, por coerência, não podemos nos curvar ao totalitarismo pseudo-espiritual que anula o direito de pensar e individuar-se.

Os fantasmas e ameaças que hoje rondam a aldeia global só poderão ser exorcizados com um instrumental ético e regulamentos morais imunes às hipocrisias confessionais. Cinismo é o nome do Inimigo Público Nº 1, ele é o pai e a mãe da corrupção. Falsidade e dissimulação só prosperam em sociedades ambíguas que confundem valores, impedidas de buscar a verdade.

Ao proclamar que o aborto é mais grave do que o estupro o arcebispo curva-se à violência. Seu fundamentalismo é o grande fomentador de um relativismo que acabará por liquidar qualquer tipo de solidariedade, respeito humano e amor ao próximo.

Raras vezes conseguiu o presidente Lula expressar com tamanha clareza tamanho consenso. Não lhe fará mal algum – ao contrário só o engrandecerá – se levar adiante uma profissão de fé humanista e humanitária. Sua inata religiosidade não será afetada se mantiver a disposição de evitar o sequestro do Estado pelos egressos do feudalismo e os cruzados das trevas.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Xi, que jornaleco!

Enquanto a Folha volta já com a rejeição do Medvedev, o Globo vai -- AINDA! -- com a proposta do Obama à Rússia de desativar o projeto do escudo antimíssil em troca de não-apoio ao programa nuclear iraniano! Que vexame...

Folha 4/2

Rússia recusa "troca" estratégica com EUA

Em carta, Obama cogitou abandonar escudo antimísseis se Medvedev aumentasse pressão sobre o Irã

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Dmitri Medvedev, afirmou ontem que não pretende "trocar" uma maior cooperação de seu país com os EUA em negociações com o Irã por alguma garantia, por parte dos americanos, de que desistirão do projeto de instalação de um escudo antimísseis no Leste Europeu.

Medvedev respondeu assim, pela imprensa, a uma oferta feita por Barack Obama, que há três semanas enviou uma carta confidencial ao presidente russo em que relacionava "a diminuição do engajamento do Irã com armas atômicas" à possibilidade de abrir mão do projeto de escudo antimísseis.

A colaboração de Moscou, sócia de Teerã em uma usina nuclear produtora de energia elétrica, é considerada crucial para o objetivo do governo Obama de negociar com o Irã a suspensão do seu programa de enriquecimento de urânio.

Os EUA sempre alegaram que o objetivo do escudo antimísseis seria barrar foguetes iranianos, mas os russos veem o projeto, lançado no governo de George W. Bush, como uma ameaça ao equilíbrio militar na Europa e um avanço sobre sua antiga zona de influência. O projeto incluiria um radar na República Tcheca e uma bateria de mísseis interceptores na Polônia.

***

Globo 4/2

Nova arma de negociação

Obama propõe à Rússia abrir mão de sistema antimísseis na Europa em troca de ajuda com Irã

*Gilberto Scofield Jr. [desculpe, amigo, mas pisou...]

Um dos mais acalentados programas militares do governo de George W. Bush e que mais atritos causou com o governo da Rússia ? o sistema de defesa de mísseis batizado de escudo ? está sendo usado pelo novo governo dos EUA não mais como instrumento de pressão, mas de negociação com os russos. Em troca de maior interferência de Moscou no Irã para interromper o programa nuclear do país, os EUA se dispõem a abrir mão do
escudo, composto de um radar de alta tecnologia a ser instalado na República Tcheca e de dez bases de lançamento de mísseis na Polônia.

A estratégia foi revelada ontem em reportagem no jornal The New York Times, ouvindo fontes anônimas do governo americano. Segundo um graduado funcionário do governo dos EUA, o presidente Barack Obama teria oferecido o acordo numa carta entregue em mãos ao presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, há cerca de três semanas. No texto, destaca a fonte, ainda que o governo americano não estivesse ligando diretamente o escudo à ajuda de Moscou, os EUA deixavam claro que o projeto seria dispensável caso a Rússia intercedesse junto ao Irã para que o país interrompesse o seu programa nuclear.

Discussões bizantinas

Enviado pelo meu amigo Sérgio. Também gostei.

A nova direita

Marcos Nobre, colunista da Folha (3/2)

NÃO FAZ MUITO tempo, a esquerda tinha conseguido estabelecer alguns sólidos pontos de partida do debate político. Aplicar pena de prisão não diminui a criminalidade, porque o crime não é apenas ação de um indivíduo, mas falha de toda uma sociedade. O desemprego não é culpa do desempregado, mas de um sistema econômico que produz injustiça. O progresso material só significa progresso social e político se houver uma justa e solidária distribuição da riqueza. E por aí vai.

Essas posições foram desafiadas e derrotadas. Nos últimos 30 anos, enquanto movimentos e grupos sociais reivindicavam mais liberdade, uma esquerda tradicional respondeu de maneira tradicional: liberdade só com igualdade primeiro. Recusou-se a ver que havia ali um problema real, que a promoção da igualdade não produz automaticamente pessoas autônomas. Ao invés de aceitar o desafio de pensar uma nova relação entre liberdade e igualdade, boa parte da esquerda perdeu-se em discussões bizantinas como a das causas da queda do decrépito bloco soviético.

Enquanto isso, a direita se apresentou em nova roupagem, como paladino da liberdade e mãe da democracia -quando se sabe que a democracia de massas foi em larga medida uma conquista do movimento operário contra a direita, que entrava em pânico só de pensar no voto universal secreto. A nova direita ocupou um a um os espaços disponíveis nos meios de comunicação de massa e na esfera pública, em um combate cotidiano contra as teses de esquerda então dominantes. Venceu e transformou a sua vitória em poder institucional.

O resultado foi uma guinada nos pontos de partida do debate político. O que se pede hoje de todos os lados é mais prisão, mais responsabilização dos indivíduos, mais progresso material puro e simples. E por aí vai. É nisso que consiste a atual hegemonia da direita.

A nova direita vê a forma atual da democracia como imutável, como o "fim da história". Avalia toda tentativa da esquerda de transformar a democracia como um ataque à liberdade. Mas, ao mesmo tempo, não vê problema em aceitar - como fez a Folha a propósito da ditadura militar brasileira - o revisionismo histórico e gradações no autoritarismo.

A atual crise econômica pode alterar esse quadro. Esse é o maior temor da nova direita hegemônica. Mas isso só tem chance de acontecer se a esquerda for capaz de fazer o combate de ideias no espaço público sem continuar a pressupor que seus pontos de partida seguem inquestionáveis. Convencer pessoas que já estão convencidas é puro conformismo.
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