domingo, 28 de abril de 2013

A luta de classes ao vivo!


Do querido companheiro Arnobio Rocha!
A partir de quarta, dia 1º, download gratuito nos formatos .ePub, .pdf e Kindle!

Sinopse

O nome do livro é contemporâneo – Crise 2.0 –, o meio de publicação também – textos de um blog editados em ebook –, mas o desastre que descreve é tão antigo quanto a acumulação capitalista. O objeto desta obra é a velha hidra do capital, a Crise de Superprodução, tão bem analisada por Marx, ressurgida nestes anos 2000 com força espantosa nas sociedades-símbolo do consumo, os Estados Unidos e a União Europeia. Para os acumuladores, um susto momentâneo enquanto não recompõem suas taxas de lucro, azar das forças produtivas destruídas pelo caminho. Para os trabalhadores, uma bigorna na cabeça. Foi-se a casa, foi-se o emprego, foi-se até a comida do prato, e ninguém aparece para salvá-los. Ao contrário do crash de 29, em que os capitalistas se atiravam das janelas dos prédios, os trabalhadores agora é que se matam em meio ao desespero da fome e da miséria. Conceitos e desdobramentos da crise em tempos pós-fim-da-história (?), em que governos socorrem banqueiros, seus patrões de fato, são o tema central deste livro instigante e provocador. Mas os personagens principais, as heroicas vítimas de tantas dores do capitalismo, são os trabalhadores. Por quê? Porque seu autor, Arnobio Rocha, marxista apaixonado, é comprometido com o destino, a dignidade e a causa da classe trabalhadora. Para ele, a história está bem longe do fim. 

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sherlock e Marx: dois personagens perdidos

Acabo de ler um livro de papel (sim, porque agora só leio ebooks), "Sherlock Holmes e Marx, uma História de Amor e Morte na Comuna de Paris". O autor é Alexis Lecaye, roteirista de cinema e TV que escreve freneticamente nas horas vagas. A primeira edição francesa data de 1981, mas somente em 2004 (!!!) chegou ao Brasil pela muito por mim amada coleção Creme do Crime, da Zahar. E levei 9 anos pra descobrir o livro (!!!), indisponível em ebook. Comprei junto (numa oferta da Cia. dos Livros) "Sherlock Holmes e Einstein no Caso dos Cientistas Assassinados”, que ainda não li. ========================>

A trama é supermegablaster-interessante: Marx contrata Sherlock para impedir seu próprio assassinato por espião de Bismarck então misturado às multidões que agitavam a breve Comuna de Paris de 1871. Sim, porque teve a longa, né? A de 1789-1795, logo após a Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789 – a do Danton, do Marat, do Robespierre...

Abre parênteses: A França foi um caldeirão danado no pós-1789, especialmente entre
1804 e 1870, quando experimentou um regime autoritário depois do outro – Primeiro Império, Restauração, Monarquia de Julho, Segundo Império – sempre derrubados por insurreições que instituíam a República e a democracia, igualmente passageiras. Marx acompanhou de perto a Revolução Francesa de fevereiro de 1848, a segunda do século 19 (a primeira tinha sido a de 1830, meu deus!, chamada Le Trois Glorieuses, em referência a três dias de insurreição dos parisienses em julho). Fecha parênteses. (Tudo isso está na wiki francesa.)

Pois bem, essa Commune de Paris que o livro descreve durou pouco mais dois meses, de 18 de março de 1871 até a “Semaine Sanglante” (21 a 28 maio), insurreição resultante da derrota dos franceses na Guerra Franco-Prussiana (1870), quando Paris capitulou e acabou ocupada pelos tedescos. No livro, que começa com uma carta de Marx marcando encontro para 13 de abril, Sherlock estranha a caligrafia do gênio, hohohoho, adorei! Muito legal por parte do Lecaye lembrar o horror que era a letra do homem, olhem só:



É mole? Se não fosse a Jenny, mulher do Marx, que Sherlock descreve como linda e inteligente, talvez não tivéssemos essas brilhantes leis e categorias da economia...

"Na porta estava um indivíduo com cerca de cinquenta e cinco anos, de estatura ligeiramente inferior à média, vestido com um casacão escuro, um pouco puído, e levemente folgado nos ombros, como se seu proprietário o tivesse pego emprestado de um amigo mais gordo ou então subitamente emagrecido. Sua tez amarelada, doentia, e as olheiras roxas me fizeram inclinar pela segunda hipótese. (...) Uma grande barba precocemente grisalha (...) nele bastante crespa e encimada por um bigode vasto e negro, engolhia-lhe a parte inferior do rosto, sem conseguir dissimular uma grande boca de expressão irônica."

A descrição de Lecaye sugere olhar atento às fotos de Marx, que são poucas. Ou teria lido em algum lugar? Olhem as fotos:


Bonita mesmo a Jenny, jeitão altivo, olhar inteligente. Se a Comuna foi em 1871, Marx então teria 53 anos (ele é de 1814). Estaria mais como na foto à esquerda, não? Alá o vasto bigodão preto! Mas aos 57 a barba já está bem grisalha... sei lá.

Achei algumas discrepâncias no livro, especialmente sobre dinheiro, economias da Internacional etc. Mas o pior mesmo foi o retrato dos dois personagens. Não que o livro seja ruim, só que Marx mal aparece, e quando o faz é meio bobo, meio saltitante. Pior ainda é Sherlock. O livro não tem um só episódio com as deduções teórico-científicas ou mesmo empíricas típicas de Sherlock. O personagem vive aos trancos e barrancos, ao sabor dos acontecimentos, sem qualquer interferência nos eventos, nenhum planejamento -- a não ser nas cenas finais. O livro descreve a Paris da Comuna de 1871, o que já é delicioso, reconheço. Marx e Sherlock aí, porém, são apenas dois perdidos numa história alheia.

Observação: como dá trabalho ler livro de papel! Fiz essas pesquisas enquando lia. Se fosse um ebook, bastaria dedar a palavra na tela e pronto, abriria o Google ou a Wiki, copiaria e pronto. Ebook is beautiful!
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