quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Pode haver jornal mais canalha?

Como é possível o Globo ser sempre tão canalha? Alguém viu hoje a pífia cobertura da tragédia de Santa Catarina? Pois um espaço crítico da página 3 é dedicado a uma feature com censura patética ao Lula, a partir de uma fala de... Paulo Bornhausen, do DEM! Não é minha intenção defender o Lula, que pisa na bola o tempo todo, mas atacar esse jornalismo canalha que contaminou a redação de uma forma tal que já se corta reportagem essencial em prol de politicagem espúria.

Vejam este trecho: "Diferentemente de dirigentes de outros países, como EUA e França, o presidente Lula prefere passar longe de tragédias. A cena do presidente Bush numa enchente..." Bush numa enchente? Isso é piada de humor negro ou o quê? O Globo acha que seus leitores são tão estúpidos assim? Pois se um dos maiores fracassos do governo Bush foi exatamente a demora no socorro às vítimas do Katrina nos estados sulistas de Alabama, Mississipi e Luisiana, que ele só visitou 4 dias depois, ou melhor, sobrevoou DE HELICÓPTERO, apesar do saldo absurdo de 800 mortos e uma destruição devastadora! E só voltou lá 15 dias depois! Não quero minimizar a tragédia catarinense, de jeito nenhum, que já chora mais de 80 mortos, mas o Lula está indo lá hoje, 4 dias depois, e 2 ministros já estavam lá, sim. Em vez de abrir espaço a politicagem sem-vergonha, o Globo mostraria alguma função social se fizesse um terço do que a Folha fez: reportagem.

Só falta acharem lá naquele antro da Irineu Marinho que o Lula foi hoje a SC por influência desse textículo vil.

O texto da "matéria"
Longe das tragédias -- Presidente manda ministros, mas evita ir a locais de acidentes

BRASÍLIA. Diferentemente de dirigentes de outros países, como EUA e França, o presidente Lula prefere passar longe de tragédias. A cena do presidente Bush numa enchente ou do francês Sarkozy num acidente de ônibus com vítimas fatais de seus conterrâneos não se repetiria no governo Lula. O presidente brasileiro tem evitado ir a locais de tragédias como a desta semana no Sul do país.

No acidente com o avião da TAM, no ano passado, por exemplo, Lula esperou três dias para – pela TV – demonstrar solidariedade às famílias das vítimas. E só o fez depois de pressionado pelas cobranças da opinião pública. O argumento dos marqueteiros do presidente tem sido de que não é bom para um político "colar" sua imagem a tragédias e que ele pode sempre ser alvo de cobrança indesejada das pessoas no local. Agora, quando Santa Catarina já conta mais de 80 mortos por causa das chuvas que atingiram o estado, Lula ainda não deu sinais de que pretende visitar a área atingida. O Planalto informou ontem que há uma previsão de que o presidente possa ir ao estado, mas isso ainda não está decidido.

Anteontem, Lula pediu um minuto de silêncio em memória dos mortos -- em Brasília. Ontem, repetiu o gesto em outro evento -- no Planalto. E se dedicou a uma agenda voltada ao exterior: de manhã, recebeu a candidata a presidente do Panamá Balbina Herrera e almoçou com o primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong. Depois foi para o Rio para outra solenidade: a abertura do III Congresso Mundial de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. À noite, jantou com o presidente da Rússia, Dimitri Medvedev, a quem ofereceu um churrasco no Palácio Laranjeiras. Se Lula não foi ao local da tragédia, muito menos seus ministros. Só ontem Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, responsável direto pelo assunto, chegou a Santa Catarina. Os ministros dos Transportes, Alfredo Nascimento, e da Saúde, José Gomes Temporão, ainda não repetiram o gesto.

Na Câmara, líderes da oposição cobraram pressa do governo para que envie uma MP com crédito para socorrer as famílias. Os parlamentares do DEM aprovaram moção ao presidente Lula, proposta pelo deputado Paulo Bornhausen (SC), para que seja editada medida provisória (MP) liberando recursos para atender as vítimas da enchente. – Ele (Lula) foi rápido e pródigo para editar uma MP mandando comida a Cuba. Agora, nem mesmo uma palavra se ouve do presidente sobre o drama de milhares de catarinenses – cobrou Bornhausen.

7 comentários:

Anônimo disse...

É, Mari.

Com matérias desse tipo, o Globo demonstra total desrespeito com o leitor. Tendencioso, despudorado e mentiroso.

A omissão de Bush em Nova Orleans destruída pelo Katrina foi tão gritante que ele ficou queimado junto ao eleitorado dos EUA.

Em comum, os episódios do furacão de lá e da enchente daqui só têm o nome: Katrina e Catarina (de Santa).

mari disse...

Exato!!! Fico imaginando se alguém lá dentro se envergonha dessas coisas. Aposto que a maioria daqueles antigos amigos nossos do JB que estão lá hoje ficam...

Anônimo disse...

Já copiei a "matéria" e arquivei. Um dia, se alguém disser que tal coisa não aconteceu, deu poderei provar. Porque, cá entre nós, é inacreditável mesmo.

Anônimo disse...

deu, não: eu...

sunny disse...

Parece que no Globo a agenda de Cidade não bate com a de Brasil. O Lula estava no Rio para receber o presidente da Rússia (viagem agendada há séculos, se conheço o Itamaraty) e muito a calhar dado o fracasso do economismo neoliberal. Ambos inauguraram hoje a exposição Brasil Rural, que parece ser superlegal.

José Truda Júnior disse...

Mas o governo deixa o PIG fazer o que quer e fica por isso mesmo. Quem acessar o endereço www.brasil.gov.br não vai achar uma única notinha sobre o drama em Santa Catarina.

mari disse...

É mesmo. Mas fazer o quê? Censurar? Sem isso ja afirmam que ele censura, imagine com.

E o site da presidencia tb nada fala de SC. A comunicação desse governo é uma tristeza.

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