Claudia recomenda um texto dupiru! Em "America the Liberal", John B. Judis, editor da New Republic, trata do “realinhamento democrata do eleitor americano”. Segundo ele, Barack Obama está devagar quase parando em matéria de mudança a conselho dos especialistas de Washington, que afirmam: a América votou liberal, mas é essencialmente conservadora.
Judis diz que esses sujeitos e todos os demais que aconselham Obama a “ir devagar” não podiam estar mais errados. Eles estão analisando a eleição de Obama pelo prisma da vitória de Jimmy Carter em 1976 (ver os números aqui) e de Bill Clinton em 1992 (ver os números aqui). Ambos julgaram mal o humor do eleitorado. Eles tentaram governos de centro-esquerda num país que se movia para a direita (no caso de Carter) e apenas começava a se mover para a esquerda (no caso de Clinton).
Obama está assumindo em circunstâncias dramaticamente diferentes, afirma Judis. Esta eleição foi o clímax do realinhamento democrata que começou nos anos 90, foi retardado pelo 11 de Setembro e ressurgiu na eleição de 2006 [que deu maioria democrata no Congresso]. Esse realinhamento se deve a uma mudança na demografia e na geografia política. Judis então se detém nos números que explicam essa virada: caiu o peso da reacionária classe operária americana (os blue-collar, dos uniformes azuis da fábrica) e também da área rural; cresceu o dos profissionais, dos trabalhadores em serviços, dos formados, dos imigrantes, das mulheres que chegaram ao mercado de trabalho, da área urbana. Essa gente toda vota democrata e quer mudança já!
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Não deixe de ler. Não traduzo porque é enorme.
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Depois de ler um texto desses você fica pensando: os EUA estão mais liberais porque caiu o número de operários (que ironia, não, Marx?). Mas por que caiu? Porque os operários que produzem as mercadorias que os americanos consomem estão no Sudeste asiático trabalhando por centavos. Não é perturbador? Esse mundo globalizado é um assombro. Um presidente que não perceber essa mudança estratosférica da sociedade está condenado ao fracasso. Eis por que Obama tanto insiste em falar da classe média – profissionais, trabalhadores em serviços etc. etc. Os blue-collar estão em extinção, mudaram de país... Isso também mostra como foi atrasada, desinformada e patética a escolha de Joe the plumber como símbolo do eleitorado pela campanha de John McCain. Deu nessa derrota estrondosa do sonso safado.
2 comentários:
Mari, até o blue collar, os Joes the plumber, é classe média lá, a pequena burguesia da Revolução Francesa. Qual a bronca do Joe? Não conseguir abrir a própria empresa. Isso é classe média, ou não? É claro que existe pobre, mas até a turma dos traillers, que ganha salário mínimo no McDonald's ou Wall-Mart é classe média. Pobre mesmo só os homeless e eu não vi nenhum votando dia 4.
A mudança demográfica explica bem a virada. A população está envelhecendo e eu NUNCA conheci um judeu nova-iorquino que não fosse LIBERAL e ele está mudando para a Florida e a Carolina do Norte.
Escrevi num comentário para o blog da FSP algo meio enrolado sobre os condados e os eleitores. Não consegui explicar direito. Em resumo era: o que conta mesmo (e o NYT provou) é o voto por condado e não por estado. É o condado que determina o Colégio eleitoral e seus limites mudam a cada dez anos devido ao censo. Vc vê isso claramente no mapa do NYT. Não é tudo certinho, quadradinho como muita gente pensa. Aquele sistema eleitoral é absolutamente maluco e o Obama seria mil se conseguisse com sua atual maioria mudar. É claro que não vai.
Quando ao João Emiliano, sugeri que fosse ler a Veja. Ou seja, perguntei o que ele estava fazendo na Folha.
Vou ler o artigo do New Republic depois. Ufa!
Sunny, acho que você estava doente quando o caso Joe the plumber explodiu. Ele apenas provocou o Obama. Ele não tem dinheiro algum, é um operário de serviços, empregado de uma empresa de serviços domésticos, sempre votou republicano e deve 11 mil de imposto de renda! Aliás, nem bombeiro é: não tem licença para exercer a profissão!!! A classe operária não está mais no blue-collar belt, minha filha, e há tempos, desde que as fábricas começaram a fechar uma após a outra! O que sobrou perdeu peso eleitoral. O país não é mais aquele, Sunny. McCain cometeu o mesmo erro que você -- só que ele mora lá e devia saber. A classe média está agora nas cidades médias e grandes, estudou, se formou, foi ser "profissional", engenheiro, programador. Sorry, vc está errada. Leia o Judis e concordará.
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