segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A graça (?) de boa-noite



No site onde achei esta foto, que corre a rede e já chegou à CNN, também encontrei o texto abaixo, interessantíssimo, a propósito dessa "troca" de cor:

Obama/Biden vs McCain/Palin: e se fosse diferente? A visão coletiva do país mudaria?

* E se Obama tivesse desfilado 5 filhos pelo palco, incluindo um bebê de 3 meses e uma adolescente grávida solteira [como Sarah Palin]?

* E se John McCain tivesse sido presidente da Harvard Law Review [como Obama]? E se Barack Obama fosse o quinto último colocado em sua turma [como McCain]?

* E se McCain tivesse se casado apenas uma vez, e Obama fosse divorciado?

* E se Obama fosse o candidato que deixou a primeira mulher depois de grave acidente, que a desfigurou e depois do qual ela nunca mais voltou ao normal [como McCain]?

* E se Obama tivesse conhecido a segunda mulher num bar e tido um longo caso com ela enquanto era casado [como McCain]?

* E se Michelle Obama não só fosse viciada em analgésicos, como também os conseguisse ilegalmente usando sua instituição de caridade [como Cindy McCain]?

* E se Cindy McCain fosse formada por Harvard [como Michelle Obama]?

* E se Obama fosse um dos Keating Five [Os cinco de Keating, escândalo no Senado em 1989 em que cada senador levou US$ 1 milhão de propina]?

* E se McCain fosse um carismático, eloquente orador [como Obama]? E se Obama não conseguisse ler de um teleprompter [como McCain]?

* E se Obama fosse o militar experiente que teve problemas de disciplina e a destruição recorde de sete aviões [como o "herói" McCain]?

* E se Obama fosse o candidato conhecido por apresentar publicamente, em várias ocasiões, sério problema de raiva descontrolada [como McCain]?

* E se a família de Michelle Obama tivesse ficado rica distribuindo cerveja [como a de Cindy McCain]?

* E se Obama tivesse adotado uma criança branca [como McCain]?

Pode-se acrescentar muita coisa a esta lista. Se essas perguntas refletissem a realidade você acha que a eleição estaria tão apertada? Isso é o que o racismo faz: encobre, racionaliza e minimiza as qualidades de um candidato e enfatiza as qualidades do outro quando há diferença de cor.

***

No pé do texto tem a formação de cada um, mas boto apenas a do "herói":

* Colocação de John McCain na United States Naval Academy -- 894 em 899!

4 comentários:

Anônimo disse...

Achei muito inteligente esta comparação.
Clarifica o preconceito e mostra como se esconde aquilo que não interessa.
Talvez devêssemos aprender isto nas próximas eleições brasileiras.
Outra coisa: seria bom se não tivéssemos o TSE nem os TREs. As eleições seriam geridas pela lei e pela Justiça comum.

mari disse...

Muitos "republicanos" (no sentido de res publica) defendem isso mesmo. Não sei se aqui funcionaria... Comparado ao EUA, o Brasil até manda bem em eleição (fora as sempre suspeitas demoras de SP). Pena esse novo fenômeno dos currais urbanos (tráfico e milícia). Isso é uma desgraça, muito grave.

sunny disse...

Vera, pelamordedeus: justiça comum regendo eleição? Prefiro o Munch-AiresBrito a qqer outro. Pelo menos uniformiza esse mundão de país, apesar daquela estranha demora em São Paulo no 1º turno.

sunny disse...

Para qual dois dois Kipling teria escrito o poema abaixo, em tradução do Guilherme de Almeida?
Se

Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;

Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,
De sonhar --sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;

Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais --tu serás um homem, ó meu filho!

Tá legal, eu sei que o Kipling era um IMPERIALISTA, mas toda vez que alguém fala "Se", me lembro dele. Coisas de colonizada!

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