sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O IDH é certinho?

Na edição de dezembro a Radis deu nota (Relatórios globais, um mea-culpa) sobre um fato inusitado: o Unicef prometeu usar os números do Ministério da Saúde sobre mortalidade infantil e materna na elaboração de seus próximos relatórios globais.

É que em novembro, usando os dados do Unicef, o Fundo de População da ONU anunciou em seu informe anual que o Brasil ocupa o terceiro pior índice de mortalidade infantil da América do Sul — “para 1.000 crianças nascidas vivas, morrem 23”, afirmava o documento — à frente apenas de Bolívia, com 45 mortes, e Paraguai, com 32. O Brasil, na realidade, já tinha reduzido esse índice para 20,4 em 2006. É inaceitável, mas houve melhora, certo? O índice é 65% menor que em 1986 (58,5 casos por 100 mil nascidos vivos). O Brasil, inclusive, vai atingir a Meta do Milênio da ONU relativa à mortalidade infantil em 2012, três anos antes da data-limite (2015). A nota diz: "O mal, entretanto, já estava feito: toda a mídia divulgou com estardalhaço os dados do Unicef". Vamos dar matéria maior sobre isso na edição de janeiro, que foi hoje para a gráfica.

Então, não sei. Será que o IDH recorre a números acurados? Não quero defender os números brasileiros, vocês sabem disso, né? Mas tenho dúvida...

Agora, por caridade, não caiam na esparrela da PIG de que o Ministério da Saúde falseia números, ok? Isso valia na ditadura, que escondeu até uma epidemia de pólio meningite, e a PIG se comporta como se o contexto histórico fosse o mesmo. Falta melhorar muita coisa, mas vocês não fazem idéia do trabalho de formiguinha, da abnegação de pesquisadores e estatísticos da nossa saúde pública para tornar confiáveis os números da saúde. Não digo que são uns missionários porque a maioria deplora a palavra e o conceito nela embutido. Mas é algo de respeito. Tratamos muito disso na Radis -- incluindo as falhas --, porque sem números confiáveis é impossível ter políticas de saúde pública baseadas em evidências epidemiológicas -- o cérebro do SUS.

3 comentários:

sunny disse...

Mari, vc esqueceu a epidemia de meningite nos idos dos 70, que só foi admitida quando já tinham morrido mais de cem pessoas.
Qto à Uni*cef, ha-ha-ha. Aquilo é um cabide de empregos, pior do que o M*E*C.
Já votei na surpresa do ano!

mari disse...

esqueci nao. eu troquei!

sunny disse...

Mas teve tb uma de polio, só que um pouco mais tarde, acho. E foi devidamente escondida!

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