Grande reportagem ("Scream Bloody Murder") de Christiane Amanpour, na CNN, por vários "campos da morte para entender a indiferença do mundo diante das vozes corajosas que inutilmente pediram ajuda para impedir genocídios". Camboja, Bósnia, Darfur...
Comovente a entrevista do general canadense Romeo Dallaire, hoje senador, então comandante da reduzida Força de Paz da ONU em Ruanda, que, mesmo tendo conseguido salvar milhares, viu o massacre de 800 mil tutsis em 1994. "Nas estradas, carregávamos os corpos em nossos braços para poder seguir adiante. Eram pilhas de corpos. Botávamos de lado e seguíamos adiante", conta ele, com seu olhar sofrido.
Os Estados Unidos de Clinton previram o banho de sangue, mas não agiram: o trauma de Mogadiscio era muito recente. Na Somália, menos de um ano antes, num confronto que estrategistas e historiadores militares consideram "o combate urbano de curta distancia mais violento desde a Guerra do Vietnã", 18 soldados americanos foram mortos, arrastados pelas ruas, humilhados e alguns até esquartejados, depois que um helicóptero Black Hawk foi abatido. Os EUA queriam se mandar logo da África, "do mesmo jeito que acontecera no Sudeste Asiático 30 anos antes". [É incrível a capacidade dos EUA de se enfiarem em situações sem saída. Lá estão eles enrolados de novo no Iraque e no Afeganistão — não vencem e têm 5 mil soldados mortos para chorar.]
A ONU de Kofi Annan, por sua vez, em lugar de enviar reforços ordenou a retirada dos peacekeepers. O general Dallaire se negou.
-- O Sr. se insubordinou..., comenta a repórter.
-- Ao contrário, eu me recusei a abandonar meu posto. Era uma ordem imoral.
-- Como é sua vida hoje, depois de viver tudo aquilo?
-- Muito comprimido, muita terapia.
-- Mas o Sr. fez tudo o que era humanamente possível.
-- Não foi suficiente. Não foi suficiente.
Um comentário:
Vi há tempos um documentário canadense? inglês? com uma entrevista do general. Era de arrepiar.
Será que o havaiano do Obama vai ter coragem de fazer o mesmo?
Acabei de ver no NYTimes: o gov de Illinois foi preso por sortear a vaga no Senado que era do Obama. Parece o PM*DB. Abraham, o honesto, deve estar se revirando no túmulo.
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