Zilda Arns era uma mulher especial. Pediatra, não foi para o consultório: mergulhou na saúde pública. Fundadora da Pastoral da Criança, cheia de trabalho, teve 5 filhos. Prestigiada internacionalmente, não deitou na fama: no terremoto, estava no Haiti aos 73 anos! Um espanto. Não quero dizer que era uma santa, só que era uma sanitarist. A tal ponto que na 12ª Conferência Nacional de Saúde (Brasília, 2003), pressionada, disse coisas para mim definitivas. Por acaso, fui eu que cobri esse debate e escrevi:
- “Informar é muito importante, minha gente, quem não se comunica se trumbica”, resumiu Zilda Arns, que fazia perguntas à plateia como num programa de auditório. “O principal é querer fazer, e depois informar”. Ela elogiou o cartão do SUS – “Todo mundo está feliz com ele no Paraná” –, a criação da Ouvidoria do SUS – “Coisa nova, muito boa” — e lembrou que não existe um sistema como o SUS no mundo. “Todos devem levar para casa o dever de difundir a saúde”, recomendou. “É preciso informar sobre as coisas boas, senão os jornais só falam da mulher que pariu na pia.”
- Zilda Arns mostrou por que conquista respeito até entre ateus – e não apenas porque de seu currículo constam 1,7 milhão de crianças atendidas pela pastoral que dirige. “Verdade é verdade”, disse, quando retomou a palavra. “A vida é o que mais vale.” Os delegados talvez não soubessem, mas Zilda Arns, que prometeu levar o recado à CNBB, é voz dissonante entre os católicos nesta questão. “Eu prefiro seguir o caminho da Igreja, mas a consciência do casal, que deve ser bem-informado, é a suprema lei”, defende sempre.
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