sábado, 22 de janeiro de 2011

Linda, linda homenagem a nossa Blue Marble

Terra

(Só assim, puro, total, o título deste texto incrível do Zeca Oliveira, o @ZKOliva, no TeiaLivre.)


Quando eu me encontrava preso

Na cela de uma cadeia

Foi que vi pela primeira vez

As tais fotografias

Em que apareces inteira

Porém lá não estavas nua

E sim coberta de nuvens...

Terra! Terra!

A tecnologia digital limpou as nuvens Caetânicas e permitiu-nos apreciar as feições de superfície deste maravilhoso planeta como nunca. Cem bilhões de seres humanos por aqui passaram antes que esse privilégio fosse a nós concedido pela relação simbiótica da ciência e da técnica.

Magnífica em sua plenitude e emoldurada por uma gélida Antártica, a Cordilheira dos Andes denuncia os esforços crustais que ergueram os sepulcros de répteis gigantescos para o substrato do lago mais alto do mundo.

O traço alvo das montanhas geladas sublinha a barreira intransponível para a umidade oceânica que divide o fecundo ambiente onde florescem as uvas chilenas, do inóspito, mas não menos belo, deserto patagônico argentino.

A Bacia do Amazonas fulgura num espontâneo sorriso verde, rasgado. O imenso rio que lhe dá nome nem parece mais o mesmo que anteontem desaguava no Oceano Pacífico; com seu curso invertido pelas forças colossais do interior da Terra, hoje exibe a franja dourada do delta na costa do pacífico Atlântico.

Quase posso ver a mais rica fauna de peixes pulmonados do planeta em plena floresta, alguns à espreita de pássaros e à cata de frutos! Foi o mar pré-histórico que se retirou aos poucos, deixando atrás de si dunas promissoras de florestas e ancestrais saudosos da imensidão oceânica, combatendo pela sobrevivência futura de seus parentes fluviais e lacustres.

Em azul claro, ao topo, a plataforma do Caribe, testemunho de seres cujos ancestrais perdidos no tempo profundo tornaram a vida possível para nós. Defronte ao Equador, as Galápagos, inspiração para uma das maiores realizações do intelecto humano. E no canto superior, à direita, um pedacinho de África que, outrora ligado à nossa margem equatorial, fica quatro centímetros mais distante a cada ano.

Vejo e imagino tudo isso pelo privilégio de um olho mecânico que, tal qual teorema feito aparato útil, esquadrinha cotidianamente as intimidades desta imensa bola azul. Ela, que talvez abrigue solitária, a mais complexa forma de organização jamais atingida pela matéria neste incomensurável Universo.

"E gente é outra alegria diferente das estrelas".

A letra de Terra (Caetano)

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