segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Um fato grave no novo governo

Se faltava a prova de que a ditadura é um cadáver insepulto que o Brasil não se atreve a enterrar ela veio hoje, claríssima, no discurso de posse do novo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional -- um homem que trabalhará ao lado da presidenta Dilma, vítima de tortura sob o regime militar. Também trabalha perto dela a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos, que prometeu hoje na posse a criação (tão esperada) de uma comissão da verdade que dê fim ao cadáver. Como isso vai ficar? Quem indicou tal general a Dilma cometeu sério erro. Na minha humilde opinião, temos em pleno Palácio uma incompatibilidade grave de propósitos. Abaixo, a matéria do G1.

*** 

'Temos que pensar para frente', diz novo ministro do GSI

General José Elito Carvalho Siqueira assumiu o cargo nesta segunda (3). Ministra de Direitos Humanos pediu que Congresso implemente comissão

O general José Elito Carvalho Siqueira disse nesta segunda-feira (3), ao tomar posse como novo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que não se deve ficar "vendo situações do passado", sobre a possibilidade de criação da Comissão da Verdade para investigar a violação de direitos humanos ocorrida durante o período da ditadura militar (1964-1985).

Na manhã desta segunda, a nova ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, defendeu a criação da comissão com o argumento de que “é mais do que chegada a hora” do país prestar esclarecimentos. “Nós somos funcionários de Estado. O que o Estado determinar, cabe a nós, funcionários do Estado, cumprir. Vamos fazer com a maior das boas intenções, porque todos nós vamos agir em benefício da nação”, afirmou o general.

Ministro-chefe do GSI disse ainda que o dia 31 de março de 1964, deve ser tratado como fato histórico. “O que é o 31 de março de 1964? Golpe, movimento 'a' ou 'b', não. O movimento de 1964, hoje, já faz parte da história. Da mesma forma que um dia falamos do 11 de junho, da Batalha de Riachuelo, do 7 de setembro, proclamação da Independência do Brasil. Hoje, se nossos filhos e netos forem estudar em uma escola vai estar lá o 31 de março como um fato histórico. Temos que ver o 31 de março como um dado histórico para a nação, seja com prós e contras, mas com um dado histórico. Da mesma forma os desaparecidos”, afirmou.

O general José Elito Siqueira também falou que não há, inicialmente, intenção de fazer mudanças no comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “Somo funcionários do Estado então a tendência na Abin e em toda a GSI não é de mexer. Vamos, em princípio, manter as estruturas para termos continuidade no trabalho, mas claro, sempre haverá em uma área outra alguma substituição, que é natural”, disse.

Matéria do G1 via @_marel

7 comentários:

Jorge Rodrigues disse...

Direto ao ponto Marinilda ! Gostei muito do seu texto. Parabéns.

mari disse...

mas sono que é bom... nada. Desgosto dá insônia...

Anônimo disse...

Essas coisas e que não entendo.O governo fica esquizofrênico,afinal os crimes devem ficar impunes e os desaparecidos que fiquem como tal ou devemos criar a Comissão da Verdade?

Sou pela criação da Comissão, o que não dá é para o governo abraçar posições tão antagônicas.

veja foto de O Globo pág.10 (04/11)os
olhares de Jobim e de J.E. Cardoso para Maria do Rosário....Pagu

Vera Silva disse...

Aguardemos.
A Dilma sabe o que faz. Se prestarmos atenção vamos ver que há várias contradições aparentes no governo. Não são por acaso.
Quem esteve no governo anterior não é neófito nem "está sendo surpreendido" pelos fatos.
Fraturas políticas não são fraturas ósseas que precisam ser consolidadas. São conflitos reais que precisam ser escancarados para que sejam resolvidos.
Este é um conflito sério e varrer o general para debaixo do tapete não vai dar em nada. O discurso dele foi para os militares e o da ministra foi para os que sabem o que foi realmente o golpe de 31 de março.
Temos o conflito escancarado. Os recados estão dados. Agora é resolver. Caso contrário nunca seremos uma república e muito menos democrática.

mari disse...

Veruska, isso se arrasta há 2 décadas. Não dá mais pra empurrar. Um conflito na agricultura é normal, é parte da democracia. Esse não é, é um cancro que ameaça o regime, o sistema, tudo e todos, é porta de golpe, é sinal de medo e fraqueza. Como diz a Pagu, não pode varrer o general pra baixo do tapete, tem que varrer, jogar na lata de lixo, o lixeiro tem que passar e recolher, ir pra reciclagem, depois pro aterro sanitário.

Anônimo disse...

Fato Histórico?? Assasinar pessoas que combatem pela liberdade é "fato histórico"? Comparar o Golpe Militar a qualquer outro evento, como a Independência ou outor, é tripudiar sobre a consciência dos Brasileiros. O que se avizinha: o tempo onde resolveremos a parte escondida da nossa história ou a esconderemos de vez, sob o manto da tal "governabilidade" que só o é enquanto interessa à classe dominante e ao poder???

Anônimo disse...

Fato Histórico?? Assasinar pessoas que combatem pela liberdade é "fato histórico"? Comparar o Golpe Militar a qualquer outro evento, como a Independência ou outor, é tripudiar sobre a consciência dos Brasileiros. O que se avizinha: o tempo onde resolveremos a parte escondida da nossa história ou a esconderemos de vez, sob o manto da tal "governabilidade" que só o é enquanto interessa à classe dominante e ao poder???

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