Depois do Adriano, esse caso do Bruno. E é muito despreparada a imprensa esportiva para lidar com assuntos policiais. A polícia então... Do delegado aos repórteres de jornais e TV, todos chamam o adolescente implicado no caso de "menor", um termo condenado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA completou 20 anos em junho, minha gente! Até as pedras do muro ali atrás sabem que essa lei alterou a terminologia na área. O termo correto nesses casos é criança, se abaixo de 12 anos, e adolescente, se abaixo de 18. Não existe mais "menor infrator" ou "criminoso", mas "adolescente em conflito com a lei". Podem chiar à vontade, como tantos chiam, do politicamente correto: essas regrinhas cidadãs melhoram sim a visão da sociedade em relação a pobres, moradores de comunidades etc.
Acabou essa de "menor carente" ou "infrator" como objeto do assistencialismo e punição indiscriminada, julgamento antecipado e preconceito explícito -- crianças e adolescentes são sujeitos plenos de direitos. Delegados e repórteres desconhecem esse beabá. O mais curioso e triste, a prova de que o repórter repete o que a polícia diz sem filtro crítico algum, é que o delegado usa o termo correto "apreendido" (e não "preso"). Aí a imprensa vai atrás.
E o que dizer dos apresentadores do Em Cima da Hora Edição das 10? Classe média, faculdade, bom emprego -- nenhuma cultura em cidadania, Costituição de 88, ECA. Nada. Tascam "menor" sem escrúpulo.
Se fosse um garoto classe média ou alta não duvidem, a palavra seria "jovem". Se Bruno fosse jornalista, como o assassino comprovado mas ainda solto Pimenta Neves, teria outro tratamento. Fico enojada com tudo, tudo.
4 comentários:
"Menor" é menor que adolescente, não cabe nos títulos.
Ué, basta pôr "jovem", "rapaz", "amigo", "primo", qualquer coisa.
Ah, e o nome dele aparece direto...
Ah, e na TV não tem centímetros!
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