sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Aprendizados e desaprendizados

Os twitcams do Luís Nassif (por exemplo, aqui, aqui ou aqui) têm sido muito instrutivos. Repórter respeitado, colunista bem-sucedido, viu-se de repente atacado pela imprensa golpista, denuncista e sensacionalista -- o PIG, em resumo -- e seus aliados na oposição. Foi levado várias vezes à Justiça. Por quê? Porque ousou fazer jornalismo em seu blog, ao lado de outros heróis da blogosfera "suja" (Serra pediu ao Lula que desse um jeito nesses "blogs sujos", daí o adjetivo).

Esse jornalismo pode ser chamado de participativo, porque incontáveis leitores ou arregaçaram as mangas e ajudaram a investigar cada denúncia do PIG ou simplesmente traziam uma informação de seu conhecimento que desmentia algum factoide. O brilhante clímax desse trabalho foi o desmonte do golpe em torno da Operação Satiagraha, quando a mídia atacou o quanto pôde os delegados Protógenes e Lacerda ou o juiz De Sanctis, que tentavam dar a Daniel Dantas o lugar que ele merece..

Agora, nesta campanha eleitoral que se os eflúvios cósmicos permitirem termina neste domingo pelo menos na principal majoritária, a blogosfera suja foi fundamental para rebater o denuncismo do PIG (e não que essa blogosfera defenda que se varram crimes para baixo do tapete, não!, ela prega a denúncia responsável, bem entendido!)

Pois bem, esse enorme nariz de cera foi pra dizer que se houve um aprendizado magnífico para todos os que usaram esta esplendorosa arma chamada internet para aprender cidadania, urbanidade, solidariedade, democracia participativa etc., um grande número de canalhas desaprendeu tudo isso. Vejamos o caso do Equador. À saída do debate de ontem, o "candidato Serra" se recusou a comentar a tentativa de golpe no Equador "sem ter informações" (não vi a entrevista da Dilma, mas a Marina condenou no ato!). Bandnews e Globonews, hoje, o dia inteiro, refugaram no uso da palavra. Não leio mais os "grandes" jornais porque só têm lixo, então não sei como trataram o tema, mas as palavras "turbulência", "protesto", "sublevação" frequentaram as matérias dos portais.

A polícia nacional e parte da força aérea se amotinaram, sim, mas quem viu ao vivo a Telesur o dia inteiro, como eu -- até esqueci da eleição, felizmente, porque a tensão estava insuportável -- leu todos os sinais de golpe. Um presidente fisicamente atacado, confinado numa sala de hospital, impedido de sair ou receber visitas, policiais reprimindo duramente nas ruas a população legalista, turbas do ex-presidente, contumaz golpista, invadindo a sede da TV pública equatoriana, que tudo transmitia, e, principalmente, um comunicado mais do que ambíguo da cúpula militar -- declarava-se leal à Constituição e ao presidente, mas cobrava a retirada da lei que gerou o motim da polícia! --, tenham a santa paciência, isso era golpe!

Não deu certo porque o povo foi pras ruas, a TV não parou de transmitir e a comunidade internacional foi rapidamente mobilizada. As forças armadas viram-se compelidas a cumprir seu dever e resgataram o presidente. Então, por que a imprensa brasileira se comportou NOVAMENTE como no golpe de 2002 contra o Chávez na Venezuela? Porque torcia para que Rafael Correa caísse! Como Serra!

Flexibilizaram os princípios democráticos. "Democracia" para alguns. É terrível, horroroso, escandaloso que essa imprensa tenha reagido no mesmo diapasão do Serra: ah, se é contra o Rafael Correa, o Chávez do Equador, deixa derrubar. Essa imprensa desaprendeu solidariedade, urbanidade, democracia E legalidade. Esta é a sexta eleição consecutiva para presidente no Brasil. Um sinal glorioso de culto à legalidade, que de nada serve para essa gente quando se trata de vitória da esquerda e da defesa dos governos de esquerda. Isso ficou claro para mim e vou tratar daqui em diante toda essa gente não mais de partido da imprensa golpista ou PIG, mas como merece:

GOLPISTAS!


VERGONHA!

4 comentários:

sunny disse...

Mari, me lembrei tb do golpe contra o Chávez qdo o JB foi o único a levar a sério uma análise da France Presse. Esta dizia q "qdo os morros descessem acabava o golpe". E não deu outra.
Agora, o Equador. Vc lembra que um dia - coincidiu com o carnaval - qdo o país teve três ou quatro presidentes simultaneamente? Entre eles um "turco" de Guaiaquil chamado de "louco", defendido pela mesma polícia agora golpista? Pobre Equador!

mari disse...

pobre mas adulto, reagiu como gente grande! já pensou o que FORÇAR o exército a se manter fiel ao correa, não cair na tentação? já pensou o que não custou aos milicos? nossa, achei o avanço, ainda mais depois daquele comunicado.

Anônimo disse...

É isso. Democracia exige participação e coragem.
Se quisermos transformar o mundo em um lugar digno para todos, temos que nos preparar para defender este nosso anseio.
Sempre que os golpistas sentirem a nossa força, vão se segurar. Até que eles desapareçam na poeira do tempo e todos possamos viver dignamente neste planeta maravilhoso.
-Vera Silva-

mari disse...

esse tempo tá demorando...

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