Acabo de ver na BBC o desabafo de um cantor paquistanês radicado nos EUA ou no UK (não consegui ver o nome dele ou onde vive porque já peguei a entrevista pelo meio). Ele se queixou do descaso mundial frente à devastação provocada no Paquistão pelas monções torrenciais deste ano, que começaram há duas semanas na bacia do Rio Indus e "lavaram" um quinto do país. Milhares de cidades desapareceram numa área de 160 mil quilõmetros quadrados. Entre 14 milhões e 20 milhões de paquistaneses perderam as casas -- o Paquistão tem 170 milhões de habitantes. Segundo ele, a tragédia é mais grave do que a do Haiti e da tsunami combinadas, mas o mundo não se mobiliza para ajudar. O âncora perguntou o porquê disso e ele não soube explicar.
Talvez a explicação esteja no fato de que "somente" 1.600 pessoas morreram. O problema, porém, é que a chuva não para e a água continua a subir em várias regiões. Não há comida, água potável, remédios ou energia elétrica. Já surgiram os primeiros casos de cólera e 6 milhões de crianças correm risco imediato de morrer de diarreia aguda. Então, a contagem de mortos pode estar apenas começando.
Segundo o Guardian, o governo paquistanês comparou a tragédia aos eventos de 1947, quando o Paquistão se separou da Índia: 10 milhões de refugiados cruzaram a fronteira e 500 mil morreram. A reconstrução custará bilhões de euros.
Provoca revolta a viagem do presidente Asif Ali Zardari (lembram dele, o viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto?), que está na Europa e lá permaneceu apesar da tragédia. O Guardian diz que há temores de que ele seja deposto por golpe militar.
Fotos: K.M.Chaudary/AP (alto) e Pakistan News (acima)
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