quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Hora da maturidade

O Nassif abriu o tópico "Fora de pauta" de hoje com a seguinte frase:

Há um radicalismo tão entranhado no ar, em alguns segmentos da mídia e de setores de classe média - insuflados diariamente pelos jornais - que o clima é quase igual ao dos anos 60. Um horror! Ainda bem que o quadro político é diferente.

Como eu ando numa angústia sem tamanho, mandei o seguinte comentário/testamento:

concordo plenamente. aos 64 anos, tô aqui acordada às 4 da matina, doida de preocupação, porque vivi esse clima duas vezes nos anos 60. não sei se é a minha ansiedade, pulando de blog em blog em busca de notícias, que acende de repente o pavio da angústia... não sei. em 64, aos 18, era o rádio. passei a madrugada do dia 31 [de março] na cama dos meus pais ouvindo notícias alarmantes sobre o avanço do general mourão e comendo biscoito de polvilho (um saco de meio metro de altura -- meu pai era um sábio, sabia o que a noite nos reservava). em dezembro de 68, aos 22, da redação do JB na Rio Branco vimos pela janela que um tanque parou no sinal da Sete de Setembro e rimos muito. dali a pouco dispararam na fachada do prédio. naquela madrugada, "as meninas" do jornal foram todas levadas para casa nos jipes da reportagem. ordem da condessa Pereira Carneiro.

não quero exagerar, mas vejo a situação meio que escapando de controle. chego a chorar. não culpo a esquerda, nunca!, estamos no limite do que um ser humano/político pode suportar em matéria de vileza, mas acho que cabe a nós mostrar maturidade nessa hora. baixar o tom. o país é muito jovem, nossa democracia é uma renda -- linda, mas toda furadinha --, a esquerda é adolescente, contraditória e impulsiva. o problema é que a direita é muito velha, muito experiente, muito unida, muito oligárquica, muito latifundiária e muito desesperada com seu horizonte encolhendo. perigosa mesmo. nem precisa mais dos militares, tem o judiciário e a mídia (vide 92). então, precisa ser derrotada no voto, é a única saída. não podemos perder a cabeça. não precisamos de um comício na Central nem que moçoilas esnobem milicos. foi perfeito em seu tempo, não hoje. lênin ensinou isso, gente, às vezes, um passo atrás rende dois à frente.

na minha humilde opinião, a maturidade agora cabe a nós, e temos que provar, apesar da nossa indignação, que podemos mudar o país sem porraloquice. pode ser a visão de uma velha marxista formada no velho partidão. mas talvez a velhice seja boa conselheira nessa hora. e a hora é de vencer no primeiro turno. desculpem o desabafo, é muita preocupação mesmo. grande abraço.

2 comentários:

Vera Silva disse...

Eu também vivi isto duas vezes: aos 16 e aos 20. E todos os anos até votar pela primeira vez (em Brasília só se votava para presidente).
Concordo com você que é preciso maturidade, mas a motivação dos caras desde o tempo de Prestes (pelo que li) nunca foi a provocação. Sempre foi o desprezo pela democracia e pelo povo.
Anseiam por volta à monarquia absolutista.

mari disse...

e vem aí uma campanha horrorosa deles. acho que vou postar

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