segunda-feira, 14 de março de 2011

Já aqui no nosso terremoto... carência, incúria, improviso

Informe da Ana Lagôa, abaixo, sobre andanças e retrocessos pós-enxurrada de 12 de janeiro em Teresópolis. Nem parece que só tem 2 meses. A carência é a de sempre, a incúria também, velha como a safadeza. O improviso do sobrevivente é a única coisa que avança. Como sempre.

***

Sinais da Fênix

 
Em meio a toda dor do luto e do abandono em que a cidade se encontra, pequenos grupos de humanos que ainda acreditam que seja possível um acordo amistoso com Gaia seguem unindo forças e talentos na busca do renascimento.

Pequenas e preciosas Fenix, que amam estas montanhas; vozes juvenis, outras nem tanto; artistas, sempre eles, nossa melhor safra nestes parcos 150 mil anos de peregrinações em busca da sobrevivência da espécie, bardos, poetas, cantores, tocadores, humanos muito queridos.
 
Para os colegas (agora ex), fica a sugestão de pauta:

* que estrategias uma população desamparada pelo poder público inventa para recuperar o fôlego e seguir em frente?
* grupos de moradores estão reconstruindo com parcos recursos e suas próprias mãos, as pontes que dão acesso aos bairros que permenecem isolados, já que o prefeito recusou a ajuda do Exército que instalaria as pontes apropriadas.
* grupos de artistas não cessam de reinventar a cidade e a solidariedade, na Casa de Cultura, na Praça de Sta Teresa, onde mais?
* grupos de moradores contratando engenheiros e pedreiros e fazendo por si mesmos as obras de contenção e controle das inúmeras nascentes novas de água que estão criando novos rios;
* grupos que se organizam para dar apoio legal a pessoas que, por estarem hospitalizadas ou acompanhando vítimas, em casos graves, fora da cidade, estão sem horizontes, pois as autoridades dizem que quem não se hospedou no ginásio conhecido por Pedrão, não vai ter direito a nada, mesmo que sua casa tenha vorado lama e destroços.
* grupos de pessoas que abrem nas matas trilhas para poderem chegar a suas casas, pois as vias de acesso seguem tomadas de pedras imensas (Santa Rita, por exemplo - logo teremos foto desse local);
- famílias e mais famílias que já deixaram os abrigos e por conta própria, sem nenhuma supervisão, já estão morando de novo nas áreas atingidas, pois temem perder o pouco que restou e nada receberem no futuro;
* grupos que colocam placas de papelão pelas ruas, presas nos postos, avisandpo sobre buracos e crateras (ontem um carro caiu em uma delas);
* grupos de moradors que juntam entulho e por conta própria estão tentando preencher os buracos feitos pelas chuvas incessantes, que arracam a capa de asfalto e também desestabiliza as ruas de paralelepípedos, abrindo valas perigosas para estabilidade das encostas que estão oficialmente fora das áreas de risco.
 
Nestas semanas se formou um movimento pelo impeachment do prefeito. Enquanto um grupo de cerca de cem pessoas clama por isso, na porta da Câmara, o secretariado vai sendo exonerado, ou se autoexonera, sucessivamente. Nas ruas começam os pequenos assaltos, trazendo insegurança, enquanto se espera com temor a saída, dentro de alguns dias, da Força Nacional.
 
Valeria um bom diagnóstico, uma boa conferida na lista de realizações que a prefeitura colocou no seu (nosso!) site, mas será que a nossa pequena tragédia sociopolítico-econômica vence o Japão na luta por audiência na imprensa?

"Este vídeo é dedicado a todos que lutam por uma Teresópolis melhor".



bjs Lake

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