quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

História comprometida?

Como o historiador faz história? A busca de fontes primárias, claro, é o básico, mas notícia de jornal é recurso largamente usado. Taio, um dos 12 leitores do blog, comentou no post sobre o Michael Moore:
Os historiadores do futuro é que terão um trabalho enorme garimpar um pouco de verdade nos jornais da nossa época.
Não é mesmo? Fiquei encucada mais do que o normal, porque não vinha me detendo muito nessa preocupação, que é antiga. A imprensa brasileira sempre atuou segundo os interesses dos grupos que representa, isso não é de hoje -- levou Getúlio ao suicídio, ajudou a derrubar Jango e efetivamente derrubou Collor --, mas sempre havia algum contraditório. Hoje, o contraditório está na internet, com os portais mais honestos e os blogs sujos. Nossa imprensa chegou a tal ponto de negação da realidade que podemos chamar sua condição de autismo.

Digamos então que daqui a 100 anos os historiadores queiram falar da Era Lula e, espero que não, um cataclisma tipo ELE elimine da face da Terra todas as referências mundiais, e num bunker qualquer reste apenas o abominável caderno de domingo do Globo com o balanço do governo que agora se encerra. O que pensariam os historiadores? Não salvei, lamentavelmente, a tuitada de um brasileiro recém-chegado do exterior que brincou: "A julgar pela imprensa, o governo Yeda Crusius é ótimo e o do Lula, uma porcaria". Pois é, o do homem que vai embora com 87% de aprovação.

Felizmente tal cataclisma não é (!!!) provável. A Bliblioteca Digital Mundial da Unesco só faz crescer, a do Congresso americano armazena as tuitadas de todo o planeta, o Wikileaks solta suas bombinhas e mesmo aqui estamos aprimorando nossos arquivos. Tomara que não seja tão difícil assim garimpar os fatos...

4 comentários:

Vera Silva disse...

"Nossa imprensa chegou a tal ponto de negação da realidade que podemos chamar sua condição de autismo."
Não é autismo nem negação da realidade. É comportameto mafioso mesmo.
São várias famílias, cada uma dirigida por um chefão. Sua única preocupação é mandar no pedaço e encher a burra de grana não importa de quem roubarem.
Quem não conseguem cooptar ou roubar, matam, pois outra coisa não é o assassinato de reputação que praticam.
Praticam o crime conscientemente. Não são doentes.
A única semelhança quem tem é com os criminosos tipo serial killer, pedófilos, estrupadores: não há conserto conhecido.
Prisão perpétua é a única coisa que pode, no atual estado de nosso conhecimento, livrar-nos deles.

sunny disse...

Assino embaixo, Vera.
Gostei do novo lay-out, Mari

mari disse...

Eu também assino, Veruska!

taio disse...

O comportamento mafioso é dos barões da mídia, dos donos desses latifúndios midiáticos e dos seus prepostos nas redações, mas a classe, ou seja, os jornalistas estão sendo levados por arrivismo, alienação, falta de perspectiva e muitos pela negação da realidade, como disse a Mari. O fato de não ser um fenômeno exclusivamente brasileiro não nos serve de consolo, pois talvez seja até motivo de maior preocupação. O alento que temos é a internet e este novo modo de fazer jornalismo, colaborativo e democrático e que falta começar a produzir conteúdo , digo, reportagens que possam pautar o debate, porquê ainda estamos sendo pautados pela mídia gorda.

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