segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dilma, Irã e diplomacia

Discussão no Twitter sobre a entrevista da Dilma ao Washington Post. Nossa presidenta eleita declarou com todas as letras que discordou da abstenção do Brasil na votação sobre direitos humanos no Irã, duas semanas atrás. E agora? O Brasil deveria votar pela condenação do Irã, ou seja, com os Estados Unidos, que não somente vêm violando direitos humanos mundo afora ao longo de toda a sua história, e principalmente nos últimos tempos, mas também tenta ir engrossando o caldo para a invasão do Irã, como quer Israel? A violação de direitos humanos em países aliados dos americanos jamais é questionada. Nenhuma resolução contra violação de direitos humanos nos EUA é aprovada no Conselho de Segurança, por exemplo...

Por outro lado, apedrejamento de mulheres é inaceitável! (Vamos então invadir todos os países que o praticam e impor nossa democracia!)

Pelo último lado (hahaha), a pergunta indefectível: quem se beneficiaria com a resolução? A partir dessa pergunta, cuja resposta todos conhecemos, fico com Lula e Amorim. Ninguém há de achar que o Brasil aprove apedrejamento de mulheres, a não ser o PIG -- o embaixador brasileiro na ONU não votou com os 44 delegados que condenaram a resolução. A abstenção torna-se, assim, um recado claro: o Brasil entende o objetivo rasteiro da resolução e não compactua.

Na minha humirde, o Brasil fez diplomacia.

***

Entrevista de Dilma ao jornal Washington Post

Blog da Dilma/UOL, 6/12/2010

A presidente eleita, Dilma Rousseff, afirmou discordar da abstenção do Brasil em votação na ONU de uma resolução que condena violações de direitos humanos no Irã. A declaração foi dada em entrevista concedida por Dilma ao jornal americano The Washington Post, publicada na edição de ontem. Leia aqui a íntegra da entrevista.

A resolução a que se refere foi votada e aprovada na Assembleia-Geral das Nações Unidas há duas semanas. O texto aprovado cita preocupação com casos de tortura, alta incidência de penas de morte, violência contra mulheres e perseguição a minorias étnicas e religiosas. Foram 80 votos a favor da resolução da ONU, 44 contra e 57 abstenções. Além do Brasil, se abstiveram Índia, África do Sul e Egito.

"Minha posição não mudará quando eu assumir o cargo. Não concordo com a forma como o Brasil votou. Não é a minha posição", disse ela ao jornal americano. "Não sou a presidente do Brasil [hoje], mas me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento", disse Dilma.

O tema do apedrejamento está na pauta internacional desde que a iraniana Sakineh Ashtiani foi condenada à morte por supostamente ter cometido adultério. Entidades de direitos humanos dizem que ela foi forçada a confessar o suposto crime.

"Eu não concordo com práticas que tenham características medievais [no que diz respeito] às mulheres. Não há nuances. Não farei nenhuma concessão nesse assunto", afirmou Dilma.

Na semana de sua eleição, Dilma já havia afirmado que se opunha à decisão do governo do Irã. "Eu sou radicalmente contra o apedrejamento da iraniana. Não tenho status oficial para fazer isso, mas externo que acho uma coisa muito bárbara o apedrejamento da Sakineh."

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