domingo, 26 de dezembro de 2010

A questão feminina num buraco mais embaixo

As mulheres do MST é um texto espetacular da professora Maria Orlanda Pinassi (Unesp-Araraquara), publicado lá no Nassif. A conclusão vai abaixo, mas vale muito ler o texto inteiro, um verdadeiro presente de Newtal.

Pena que esteja às moscas, ao contrário da interminável discussão sobre as "feminazi" (e este é apenas um dos muitos links que gerou), palavra estúpida de um machista imbecil que virou a blogosfera de cabeça pra baixo.

"Concluindo: o quadro descreve uma situação que está ainda muito aquém de ser conclusiva, mas a práxis dessas mulheres evidencia, desde o princípio, o elevado grau da sua consciência de classe que, a partir da dimensão de sua própria luta, potencializa o que nela possa haver de específico. Mas, vai bem além ao trazer luz aos gravames irreversíveis das contradições que, de modo mais amplo, habitam a relação atual do capital com o mundo do trabalho. Nesses termos, tal práxis é suficientemente abrangente para colocar em xeque as falácias do direito formal burguês as e expor, para que o mundo todo testemunhe a tragédia humana e ambiental, que o atual padrão de acumulação impõe ao Brasil, país meridional estruturalmente destinado à condição de colonialidade e de periferia.

Nessa medida, o movimento de mulheres do MST não só confirma a radicalidade da prática de ocupação que vem distinguindo a luta histórica do movimento pela reforma agrária, como parece constituir uma singularidade ainda mais instigante. Trata-se, pois, de um movimento muito articulado de mulheres trabalhadoras, acampadas, assentadas, cuja perspectiva de classe potencializa seu poder de crítica e autocrítica, de desafiar os avanços absolutamente destrutivos do capital, de enfrentar, com coragem admirável, os imensos desafios internos e externos ao movimento.

Melhor, essas mulheres estão reabrindo a história e reencontrando o verdadeiro espírito da revolução de que falava Marx, ao dar um salto ontológico em direção à emancipação não somente das mulheres, mas de toda a humanidade".

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