terça-feira, 4 de maio de 2010

Quem são esses coleguinhas?

O Bruno deu o link de um texto do Mino Carta e fui lá conferir. Nossa, maravilhoso. Tenho essas mesmas perguntas. Gente que eu conheci no JB como de esquerda hoje escreve barbaridades no Globo. Não consigo compreender. Noutro dia mesmo, no programa da Maria Beltrão, comentaram que era aniversário da Mi*riam Lei*tão (já falei disso aqui??? me bateu uma sensação de déjà vu...) e a apresentadora disse "todos estão mandando beijos e dizendo que são fãs". Fãs do que ela escreve? Como? Bem, melhor lerem o texto do Mino!!!

***

Incrível: a revista americana escolhe como um dos 100 mais o alvo preferido dos nossos jornalistas

Mino Carta

O partido da mídia nativa quer o confronto direto entre Serra e Dilma em lugar do plebiscito entre o passado fernandista e o presente lulista. Não prima porém pela coerência. De fato, volta e meia aí está a alvejar o presidente, monoglota centralizador a beirar o ridículo, autor de memoráveis gols-contra em política exterior, além de padrinho de uma candidata guerrilheira que pretende se fazer passar por Norma Benguel.

Às vezes me pergunto o que levaria boa parte dos nossos jornalistas, alguns deles experientes, a se engajarem na porfia, não como profissionais e sim como participantes. Militantes. Combatentes. Acreditam no que escrevem e falam? Ou se empenham para agradar ao patrão, que eventualmente chamam de colega? Ou tudo resultaria de um aprendizado, longo ou curto a depender do envolvido, que lhes anula o espírito crítico e os escraviza a opiniões e sentimentos alheios?

Parece-me, até, que se forma, no decorrer do processo, uma espiral viciosa, pela qual o jornalista cria sua verdade sem preocupar-se com o factual e convence o leitor da chamada (sublinho, chamada) classe média. O prosélito repete o lido, ou ouvido, à exaustão, até torná-lo frase feita, e a bola volta enfim ao profissional, graniticamente convencido, ele próprio, pelo milagre da transformação da opinião em fato.

Prefiro imaginar a explicação acima do que a má-fé de muitos companheiros de profissão. Não me iludo, está claro, em relação à postura dos barões midiáticos. É da tradição que eles se unam diante do risco comum. Mesmo que risco não seja. Lula cuidou de confirmar a sua Carta aos Brasileiros, e se, no seu governo, a qualidade de vida das classes D e E melhorou, queixas não se justificam por parte das demais. Sobretudo da A.

Quem sabe os nossos capitalistas ainda não tenham entendido o exato sentido do capitalismo. Resta a crítica feroz e incansável à política exterior, a qual carrega um defeito irreparável aos olhos dos senhores: marca sua independência ao se afastar dos ditames de Washington. Mas que fazer? Se dependesse dos editorialistas, e do governo de FHC, a Petrobras já estaria nas mãos da Shell, ou da Esso.

Neste momento a mídia encanta-se com a irritação de Ciro Gomes, frustrado em seus propósitos de candidato. Este capítulo poderia ser chamado “A Floresta dos Enganos”, em homenagem a Gil Vicente. Que Ciro esteja agastado é compreensível, e o enredo começa com a desastrada tentativa de José Dirceu para levá-lo à desistência, nem se sabe a que título e com quais poderes.

Vale lembrar, contudo, uma ou outra passagem de uma entrevista de Ciro Gomes, publicada por CartaCapital na edição de 10 de fevereiro passado. “Lula é um presidente extraordinário.” “Fernando Henrique (...) se avacalhou (...) virou o que houve de pior na vida pública brasileira.” “O atual governador de São Paulo é um elemento central do projeto FHC.” “Essa mídia que nós temos é um problema porque, na verdade, ela é um partido político.” Pois é, agora a mídia-partido esquece o que Ciro já disse.

Não cabe relevar ninguém. Ao perceber o uso que o jornalismo pátrio faria dos seus pronunciamentos atuais, o ex-governador do Ceará melhor agiria se ficasse quieto por ser impensável seu alinhamento com o lado de lá. Nem por isso, é evidente que a presença de Ciro no páreo prejudicaria a candidatura de Dilma Rousseff. Talvez a fortalecesse em um segundo turno.

Resta o registro de uma situação espantosa: na redação da revista Time não há quem leia editoriais, colunas, artigos, reportagens editorializadas da nossa imprensa. Caso contrário, o famoso news-magazine não apontaria o presidente Lula como uma das mais influentes lideranças em 2010. Nemo propheta in patria diziam os romanos antigos, ninguém é profeta na sua terra. Lula não é para os donos da mídia e seus sabujos, é porém para 80% dos brasileiros.

2 comentários:

sunny disse...

Qdo perguntei à Monica se era verdade que 52% da população pertenciam às classes D e E e ela confirmou, tive certeza que entramos na fase do fordismo!

mari disse...

hehehehe...

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