segunda-feira, 31 de maio de 2010

Soweto dá exemplo

Ontem me distraí e esqueci de comentar uma das notíciais mais sensacionais dos últimos tempos: o sucesso da final do rúgbi, esporte de brancos, no Soweto, bairro negro que liderou a resistência ao apartheid (os campos de rúgbi estavam fechados para a Copa, e sobrou o Orlando Stadium, campo de futebol no Soweto, para a decisão do tradicionalíssimo torneio Super 14. Foi muito lindo. Imaginem, moças brancas soprando vuvuzelas, "ferramenta" dos torcedores negros de futebol (segundo a matéria abaixo, do UOL), brancos dizendo que foi a melhor final a que já assistiram, os negros anfitriões dizendo que "eles têm que voltar" (segundo mostrou a ESPN Brasil)... Mandela deve ter ficado louco de felicidade, porque foi ele que em 1995 convocou a maioria negra a torcer pelo time sul-africano na Copa do Mundo de Rúgbi.

O emocionante Invictus mostrou essa história. Não consigo entender como esse filme não foi um sucesso estrondoso! É lindo e comovente (comentei aqui). Acho o Clint Eastwood um visionário!

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30/5/2010 - 07h01

Rúgbi para Soweto a duas semanas da Copa com direito a ensaio para vuvuzelas


Vuvuzelas fazendo barulho, torcedores fantasiados e muita festa dentro e fora do Orlando Stadium. O Soweto parou na noite de sábado, mas não foi para ver as seleções da Copa do Mundo. Uma final de rúgbi agitou uma das regiões mais famosas da África do Sul. A duas semanas do Mundial da Fifa, a bola oval foi a prioridade.

RÚBBI AGITA JOHANESBURGO

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  • Torcedoras do Bulls sopram suas vuvuzelas e dão um toque de beleza à final de rúgbi no Soweto
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  • Torcedores confraternizam na entrada do Orlando Stadium e fazem uma só festa antes da partida
Esporte número um da minoria branca sul-africana, o rúgbi teve uma noite de gala em um bairro que respira futebol e alimenta a maior rivalidade nacional, protagonizada por Orlando Pirates e Kaizer Chiefs. E foi no estádio do primeiro time que o Bulls bateu o Stormers por 25 a 17 para conquistar o Super 14, tradicional torneio de rúgbi que reúne equipes da África do Sul, da Austrália e da Nova Zelândia.

O clima no Orlando Stadium era de Copa do Mundo. Foi assim, pelo menos, que os torcedores encararam a partida. “O que importa para nós agora é essa partida. O país já vive a Copa do Mundo, mas hoje o rúgbi é a nossa Copa”, disse Paul Goersk, torcedor do Bulls e vestido com uma camisa do Liverpool, da Inglaterra. Além das camisas do Bulls, time sediado em Pretória (a 54 km; o Stormers é da Cidade do Cabo, a 1.300 km), dois artigos eram comuns no meio da torcida: vuvuzelas e cerveja. O mais barulhento deles, por razões claras, foi o que mais chamou a atenção.

As cornetas que causaram polêmica na Copa das Confederações de 2009 e viraram até alvo de protesto garantiram o zumbido permanente durante o jogo. Fora do estádio não foi diferente. De vendedores a torcedores, muitas carregavam as vuvuzelas que prometem ser uma das marcas registradas da Copa na África do Sul. O jogo também proporcionou cenas que há 20 anos seriam impossíveis. O Soweto foi um dos grandes focos de resistência ao apartheid (sistema de segregação racial que limitava principalmente os direitos dos negros e imperou no país até o começo da década de 1990). Cenas de humilhação, conflito e violência aconteceram na região na época.

Na noite passada, contudo, o clima foi de confraternização. Brancos e negros fizeram uma festa só nos arredores do estádio. Os brancos eram maioria entre os torcedores. Os negros eram os anfitriões. A mistura desta vez foi pacífica, assim como na semana passada, em outro jogo do Bulls pelo Super 14. Ao fim da decisão, os fãs dos Bulls puderam comemorar o terceiro títulos do Super 14 nos últimos quatro anos. Agora, sim, todos pretendem respirar apenas a Copa do Mundo. De 11 de junho a 11 de julho, a África do Sul será o país do futebol.

2 comentários:

sunny disse...

Ai, meu deus! Os camelõs daqui e as Lojas Americanas já estão vendendo as in-su-por-tá-ve-is vuvuzelas e vai ser aquela barulheira, misturada aos rojões de sempre. Vamos todos ficar surdos.Até pode ser manifestação cultural, mas precisava ser exportada?

mari disse...

nem me fale. só espero escapar aqui em terê. mas ouvi dizer que a fifa vai tentar limitar na porta dos estádios. vou torcer, porque ver um jogo fica insuportável.

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