quarta-feira, 25 de março de 2009

Amenidades, que ninguém é de ferro

The great escape
El País online de hoje comenta os 65 anos da fuga histórica de soldados britânicos (bem, tinha uns americanos lá, de lambuja) do campo de prisioneiros alemão Stalag Luft III (Polônia), na Segunda Guerra. John Sturges fez filme inesquecível em 1963, The great escape (com Steve McQueen, James Garner e brilhantes atores ingleses), que nossos tradutores transformaram em Fugindo do inferno. Cada vez que passa na TV eu vejo. É genial. O jornal conta que os veteranos britânicos Andrew Wiseman, Alfie Fripp, Frank Stone e Reg Cleber voltaram ontem ao túnel da famosa fuga da noite de 24 para 25 de março de 1944.

Mas o Times de Londres conta outra história. Os veteranos britânicos que ontem assistiam ao filme vaiaram não os nazistas, mas o "bobo" do Steve McQueen e sua moto. "Não ficamos impressionados quando o filme saiu", disse Reginald Cleaver, 86 anos, engenheiro de voo baleado na Holanda, que ajudou a costurar as roupas para a fuga. “Os trechos sobre o modo como o túnel foi cavado e como as coisas começaram foram bem precisos, mas o resto é puro nonsense". E mais: "Os americanos não tiveram participação na fuga. Americanos guiando motos foi ridículo".

O trágico: 50 fugitivos foram executados depois de recapturados como exemplo para outros prisioneiros. Ordens de Hitler. Apenas três fugitivos conseguiram escapar de fato. História bonita de verdade, de uma guerra que teve algum sentido. Hollywood realmente faz tudo para agigantar o papel dos americanos na Segunda Guerra -- minimizando o dos britânicos e, muito mais, o dos então soviéticos. Outro filme americano badalado, U-571 (2000), sobre a captura da Enigma, máquina alemã de criptografia, passa por cima do fato histórico de que as primeiras foram apreendidas pelos britânicos. Enfim, ao vencedor mais forte as batatas.

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Gran Torino
Marco foi ver ontem. Ficou extasiado. Ainda não consegui baixar, mas ele me fez ver um vídeo no Youtube sensacional, sobre a música que Clint e outro cara compuseram para o filme. O Clint canta!!! Táqui. Há outros, vai lá.

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Quantum of Solace
Não estou curtindo a atual fase do 007. Os roteiristas embarcaram num Bond dark demais. Prefiro o Bond superficial e bem-humorado, que ironiza suas inacreditáveis façanhas em prol do imperialismo -- foi engraçado ver o Matt Damon, meu amado Jason Bourne, chamar Bond de "imperialista asqueroso"! "Imperialista asqueroso" sim, mas cheio de humor britânico. Isso acabou nesta fase de Daniel Craig, iniciada ainda com Pierce Brosnan, quando ele passa dois anos preso e torturado numa cadeira norte-coreana. Ah, que saco! 007 é diversão!

Boston Legal, Eleventh hour, Fringe, The mentalist
A TV americana embarca em duas vertentes nos seus enlatados: o "progressismo" e o esoterismo. Claro que as idéias são todas dos britânicos, que fazem seriados pioneiros excelentes, depois os States copiam. E se saem frequentemente bem.

Boston Legal (Justiça sem limites, ô título imbecil, quartas, 21h, Fox) investe contra a homofobia, a indústria do tabaco, a indústria farmacêutica; simplesmente espetacular! Eleventh hour (segundas, 22h, Warner) e Fringe (terças, 22h, Warner -- é do JJ Abrams, mas espero que ele não embarque noutra viagem tipo Lost, que virou um porre; o episódio de ontem já teve umas trocas de tempo esquisitas...) detonam experimentos científicos sem ética, sem eira e sem beira. The mentalist (quintas, 21h, Warner... compete com o ótimo Bones, da Fox, vejo um de madrugada ou no domingo, depende) é excelente graças ao genial Simon Baker, o detetive Patrick Jane, que tem percepção quase sobrenatural das coisas. Resumindo: tenho me divertido muito com meus enlatados. Mais progressistas, unem o útil ao agradável. Adoro Law & Order e similares, mas é duro suportar aqueles policiais conservadores que odeiam médicos que fazem aborto. E lá é legal, pô! Um ou outro personagem escapa ao conservadorismo fundamentalista.

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Em tempo -- Esqueci de incluir na lista de esotéricos The listener (segundas, 21h, Fox), que conta as aventuras de um paramédico leitor de pensamentos alheios (bobinho, com dublagem irritante, tão grave é a voz do ator brasileiro) e Eli Stone (quintas, 21h, a única coisa assistível na Sony, excelente seriado de tribunais cujo personagem principal fala com deus, que lhe deu de presente um aneurisma no cérebro que provoca alucinações hilárias, loucas a ponto de mudar a cabeça do sócio principal do escritório, que se torna advogado mais humanista e defensor de boas causas, em vez de conglomerados). É intrigante e divertido; as alucinações musicais lembram um pouco as do escritório de advocacia de Ally McBeal, o mais musical do mundo (sinto saudade dos karaokês de fim de expediente, quando todos botavam as neuras pra fora dançando e cantando músicas inesquecíveis do meu tempo).

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Life
BOM MESMO é Life (quartas, 20h, AXN), que conta a busca do detetive Charlie Crews (Damian Lewis, lindo, cabelos vermelhos e olhos azuis; se anjo tem cara deve ser a dele, com seu comovente olhar zen) ao assassino de uma família, crime do qual foi acusado e lhe rendeu 12 anos de cadeia. Ao sair, inocentado, ganha uma fortuna de indenização, recupera o cargo e resolve crimes difíceis, sempre comendo maçã, filosofando e caçando o tal assassino. Mas é perigoso se apegar às séries do AXN. Não é um canal confiável. Tirando Lost, que prossegue tediosamente, eles acostumam o freguês com os excelentes NCIS, Criminal minds, por exemplo, e de repente tiram do ar.

Eureka
Esse é imperdível (SciFi, quartas, 21h -- hoje tem!!!)! Um agente do FBI aceita ser xerife de uma cidade americana habitada só por cientistas (inspirada em Los Alamos). Enquanto resolve mistérios com seu QI de apenas 112 (a média local é 150), critica com humor ou amargura, dependendo dos danos causados, as experiências malucas e irresponsáveis feitas no pedaço.

Fui!

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Troquei umas datas e estava consertando quando caiu a luz. Diacho... Faltou falar de Terminator: The Sarah Connor Chronicles (Warner), que saiu da quarta para o ostracismo dominical. Gosto demais da Sarah do Terminator da telona (Linda Hamilton), mas essa atriz do seriado, Lena Headey, é mais completa, creio. É uma fria guerreira também, mas expõe uma tristeza tocante, que faltava à Sarah original. E que roteiristas! Em meio ao suspense permanente, o diário que ela narra em off -- as tais chronicles --, sobre perdas e danos em sua vida inglória, parte corações. A gente pode aproveitar até para nossa época, para esse tempo em que a máquina destruidora é Gi*lm*ar Dan*tas.

E não posso esquecer Numb3rs (terças, 19h, Telecine Action). Imperdível!!!!!!

Agora fui mesmo!

5 comentários:

sunny disse...

Eh, amiga, tamos vivendo de seriados, válvula de escape (ópio do povo?) pra guerra civil do Rio. Assino embaixo de tudo q vc escreveu, principalmente sb a boniteza do ruivo e o charme do lourinho.

mari disse...

Graças a deus, né? Do que mais viveríamos? Revolução não dá mais! :-)))) Uso a internet pra caramba (não sei como fui repórter tantos anos sem internet e sem Google), trabalho adoidado... sem TV eu cortaria os pulsos!

Anônimo disse...

Também gosto da maioria dos seriados que você citou. Sempre gostei de livro e filmes de crime e estes seriados são muito interessantes, exploram umas coisas novas.

mari disse...

Pois é, TV não é bom? Depois falam mal. Basta não ver a Grobo! :-))))

sunny disse...

Sabia q o SBT passa alguns em horário superconveniente: de madrugada? Dá para suspeitar.

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