terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Revolução Poodle? Essa foi de lascar!

Caraca, depois do texto de hoje do Pepe Escobar, o pessimismo se instala aqui no barraco. Ah, nesta tradução pedi ajuda aos universitários (o Google), pra ver se não faço besteira (mas é duro aquilo lá, viu?, parece fala de criança). Ah2, a foto não está no What's Left (imagine, Mr Gowans usando figurinha...), eu é que achei bonitinho o poodle e seu dono bem juntinhos e alegrinhos.

A Revolução Poodle

É um velho truque para acalmar uma rebelião que poderia se transformar em desafio sistêmico: mudar o cara no topo e chamar de revolução.

Stephen Gowans

Tantawi e o secr. Robert Gates
Não devemos reduzir o significado da revolta de 18 dias na Praça Tahrir mas, ao mesmo tempo, não devemos exagerar seu significado. Um autocrata apoiado pelos EUA foi forçado a demitir-se. Mas a expulsão de Mubarak, que gostaríamos de chamar de início de uma revolução, está longe disso. Uma revolução propriamente dita vai além da mera mudança de forma política e de governantes. Ela transforma as instituições e transfere a propriedade de uma classe para outra.

Talvez uma revolução no Egito venha no tempo, mas até agora tudo o que aconteceu é que o poder foi transferido de Mubarak para o marechal Hussein Tantawi, antigo aliado de Mubarak, adversário estridente da mudança política que sempre resistiu a reformas sociaias e é ridicularizado nos telegramas do Wikileaks como o "poodle" de Mubarak. (1) O mubarakismo não acabou. Os legalistas de Mubarak e o establishment militar e comercial permanecem firmemente no controle. (2)

Firmemente no comando do novo Egito permanecem os Estados Unidos. Os militares egípcios são em grande parte uma extensão do Pentágono. O Pentágono oferece financiamento e equipamentos e treina seu corpo de oficiais superiores. Nos últimos 30 anos, Washington injetou US$ 35 bilhões em ajuda militar ao Egito, permitiu que o país construísse 1.000 tanques M1A1 Abrams em seu território, treinou funcionários do Egito em instituições de defesa dos EUA e promoveu grandes operações militares a partir de bases egípcias. (3)

Será o mubarakismo substituído por uma democracia multipartidária, em que a engenharia do consentimento, e não a lei de emergência e da polícia secreta, manterá a plebe na linha? Talvez. A Casa Branca e o Departamento de Estado "já discutiam novos fundos para apoiar a ascensão de partidos políticos seculares", (4) procurando a saída qualquer que seja o resultado das eleições.

A abertura do espaço político que proporciona uma democracia liberal é realmente preferível à ditadura de Mubarak, mas se isso é tudo o que vem da revolta da Praça Tahrir, a bitola dificilmente terá alargado significativamente.

Notas

1) Thom Shanker and Eric Schmitt, “Egypt’s military leaders face power sharing test”, The New York Times, February 11, 2011.
2. Thomas Walkom, “Cairo coup welcomed (sort of) by the West”, The Toronto Star, February 12, 2011.
3. Elisabeth Bumiller, “Calling for restraint, Pentagon faces test of influence with ally”, The New York Times, January 29, 2011.
4. David E. Sanger, “Obama presses Egypt’s military on democracy”, The New York Times, February 11, 2011.

2 comentários:

Anônimo disse...

E agora, como é que fica? (foi a frase final de um amigo suicida).

Muito frustante.
Pagu

Anônimo disse...

Socorro:- Frustrante !!!!
Pagu

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