AFP |
Desde o dia 12 eles vêm tratando de um lado interessante dos eventos no Egito, a caça ao tesouro do velho faraó. Hosni Mubarak, a mulher, Suzanne, e o filhos Gamal (D) e Alaa (E) juntaram (roubaram, né?) dezenas de bilhões de dólares e captaram-se indícios de que parte deles foi transferida assim que começaram os protestos, conta Philip Shenon (que fez grande parte da carreira no New York Times), para contas secretas mundo afora e investimentos de difícil rastreamento, segundo a CIA e agências de espionagem europeias – que acham exagerado, entretanto, o montante de US$ 70 bilhões que se andou noticiando.
Um banco suíço congelou contas que acredita serem de Mubarak. “Se ele tinha dinheiro em Zurique já pode ter tirado de lá”, diz “alto funcionário de inteligência” a Shenon. “Os Mubaraks não queriam acabar como Ben Ali” (o presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali e família fugiram para o exílio na Arábia Saudita tão depressa que a Suíça teve tempo de congelar cifra conseiderável de seus bens).
Ou seja, Mubarak quis seguir à risca o velho ditado – conhecem? – de que vergonha é roubar e não poder carregar. Boba eu que pensei nele como autista surdo ao barulhão da Tahrir. Ele ouvia, mas estava cuidando do dindim; afinal, teve mais de 30 anos para guardar sua parte das propinas do Ocidente. Li não me lembro onde que um dos cupinchas dele foi visto no aeroporto de Dubai com 97 malas de dinheiro. Não parece absurdo? Pois Shenon vai tratar disso mais tarde.
Mas o filho mais novo, Gamal, 47 anos, que vive em Londres a maior parte do ano, também estaria à frente dos negócios superdiversificados da família. Shenon comenta que esta fortuna é “especialmente chocante dada a pobreza da nação: a renda média egípcia é de US$ 6 mil anuais (a do Brasil era estimada pela CIA em US$ 10.900 em 2010 -- em 2006 era de US$ 7.500), com quase 20% da população recebendo "o equivalente a menos de um dólar por dia”.
Para Christopher Davidson, pesquisador de Oriente Médio na Durham University, Norte da Inglaterra, Mubarak acumulou fortuna em tal escala que pode humilhar seus vizinhos mais gananciosos. “Isso é algo a que a mídia internacional nunca deu muita atenção, mas nas ruas árabes é bem conhecido”, diz. “Ao falar dos Mubaraks estamos falando de uma das famílias mais ricas do mundo, que controlam grande império de bens cuidadosamente estocados”. A maior parte desse dinheiro nunca aparecerá “por mais agressiva que seja a busca”. Isso porque famílias assim pagam alto para garantir que investigações sobre seu dinheiro levem a lugar nenhum.
Para Christopher Davidson, pesquisador de Oriente Médio na Durham University, Norte da Inglaterra, Mubarak acumulou fortuna em tal escala que pode humilhar seus vizinhos mais gananciosos. “Isso é algo a que a mídia internacional nunca deu muita atenção, mas nas ruas árabes é bem conhecido”, diz. “Ao falar dos Mubaraks estamos falando de uma das famílias mais ricas do mundo, que controlam grande império de bens cuidadosamente estocados”. A maior parte desse dinheiro nunca aparecerá “por mais agressiva que seja a busca”. Isso porque famílias assim pagam alto para garantir que investigações sobre seu dinheiro levem a lugar nenhum.
Sean Gallup / Getty Images |
Hoje, dia 17, Shenon voltou com outra matéria, Mubarak's Elusive Fixer, sobre o homem que esconde o ouro do faraó: Hussein Salem, ex-espião egípcio de uns 80 anos que ficou rico vendendo gás natural egípcio a Israel (a preço baixo, uma das queixas dos manifestantes da Praça Tahrir, acrescente-se) com sua empresa East Mediterranean Gas, a EMG. Pois ele “foi visto” em Dubai com US$ 500 milhões em dinheiro. Sabe-se lá como, Shenon não explica.
Diplomatas, economistas e banqueiros entendidos em Egipto disseram ao Daily Beast que se um governo pós-Mubarak quiser rastrear os bilhões do ex-presidente deve rastrear o sempre esquivo Salem, cujos laços com Mubarak e seu clã datam de décadas. Também devem procurar empresários de destaque nos Estados Unidos e em Israel que a eles se associaram, como o bilionário de Chicago Sam Zell, que investiu US$ 250 milhões em 2007 no negócio de gás natural de Salem. "Salem é um verdadeiro mascate", disse Ibrahim Oweiss, economista nascido no Egito hoje na Universidade de Georgetown que conheceu Salem nos anos 70. A luxuosa casa de Mubarak no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh é um empreendimento imobiliário de Salem com o filho mais velho do “faraó”, Alaa.
O homem é danado mesmo. Nos anos 80 fundou na Virgínia, com um ex-funcionário da CIA, companhia aérea que transportava armas americanas para o Egito depois do acordo de paz de Camp David. Em 1983 foi processado por superfaturar esse transporte em US$ 8 milhões! Oweiss, o egípcio da Georgetown University, está louco para voltar a seu país e usar suas habilidades para ajudar no rastreamento da fortuna de Mubarak.
Diplomatas, economistas e banqueiros entendidos em Egipto disseram ao Daily Beast que se um governo pós-Mubarak quiser rastrear os bilhões do ex-presidente deve rastrear o sempre esquivo Salem, cujos laços com Mubarak e seu clã datam de décadas. Também devem procurar empresários de destaque nos Estados Unidos e em Israel que a eles se associaram, como o bilionário de Chicago Sam Zell, que investiu US$ 250 milhões em 2007 no negócio de gás natural de Salem. "Salem é um verdadeiro mascate", disse Ibrahim Oweiss, economista nascido no Egito hoje na Universidade de Georgetown que conheceu Salem nos anos 70. A luxuosa casa de Mubarak no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh é um empreendimento imobiliário de Salem com o filho mais velho do “faraó”, Alaa.
O homem é danado mesmo. Nos anos 80 fundou na Virgínia, com um ex-funcionário da CIA, companhia aérea que transportava armas americanas para o Egito depois do acordo de paz de Camp David. Em 1983 foi processado por superfaturar esse transporte em US$ 8 milhões! Oweiss, o egípcio da Georgetown University, está louco para voltar a seu país e usar suas habilidades para ajudar no rastreamento da fortuna de Mubarak.
Um comentário:
Saboroso o texto cheio de pontadas de ironias, que falta nos faz hj em dia
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