segunda-feira, 26 de abril de 2010

Voto em mulher, mas...

A Vera mandou um artigo interessante sobre a mulher na política. Está aí embaixo. Lembrei que tempos atrás tive uma discussãozinha amigável com a minha querida Fátima Oliveira, da Rede Feminista de Saúde, a respeito do voto na Roseana Sarney, quando a figura resolveu se candidatar a presidente. Ela achava que era um voto a considerar por ser a Roseana mulher, eu via nisso voto em oligarca de saias. A Roseana caiu do galho e a coisa morreu.

Tenho problemas nessa questão de gênero na política. Devo votar em mulher porque sou mulher? Claro que para chegarmos à equidade precisamos de candidatas de todo calibre, de direita, de centro, de esquerda, gente boa e FDP. Mas voto definido por gênero? E se for a Kátia Abreu???

Agora temos a Dilma. É um voto obrigatório da mulher, pelo menos da mulher de esquerda? Eu diria que sim, mais pelo passado dela, nem tanto pelo papel no governo Lula, quando apoiava o agronegócio, o contingenciamento das verbas sociais que o Paulo Bernardo promovia (e continua promovendo), a porção neoliberal do governo. Devo revelar que, por esse histórico, nem sou fanática pela Dilma. Era mais a Marina, até descobrir que a danada é beata e defende o ensino do criacionismo nas escolas! Isso, na minha humirde, é pior que baixaria de oligarca, é treva mesmo!

Então, vou votar na Dilma porque é a candidata do PT, não porque seja mulher. As feministas que me perdoem, ideologia vem (bem) à frente de gênero.   

(Uma detalhe engraçado: quando a Dilma barrava as ideias ambientais e sustentáveis da Marina o PiG fechava direto com a Dilma. Agora ela é terrorista, pode??? E a Marina ganha os holofotes... espertinhos, esses cretinos, mas faltou combinar com o eleitorado!)

Aproveitem e vejam no mesmo blog o vídeo da marchinha da Dilma. Esse povo é fogo, será que ninguém pensa???

***

Por que votar em mulheres?

Cynthia Semíramis

Sexismo na política, 18/4/2010

Em 2007, assisti a um debate interessantíssimo durante o 1º Seminário Internacional Política e Feminismo organizado pelo Nepem-UFMG. Três mineiras foram convidadas a contar sua experiência na área política, e uma especialista em seguida alinhavou a fala delas com as teorias sobre gênero e representação política.

Não tenho acesso agora às minhas anotações do evento, mas lembro bem que estavam na mesa mulheres de esquerda, direita e centro. A de direita havia entrado para a política depois de criar os filhos, e se tornou prefeita de sua cidade. A de centro estava no primeiro mandato como vereadora. A de esquerda militava há mais tempo, tinha experiência como ex-prefeita e deputada (não lembro mais se federal ou estadual).

Com as diferenças de experiência política, idade e ideologia, era de se esperar que os discursos delas fossem completamente diferentes. O que surpreendeu foi ver que os relatos eram muito parecidos.

Todas falaram das dificuldades, da oposição da família, do descrédito e falta de apoio inclusive do próprio partido, do preconceito, da necessidade de dar atenção aos filhos enquanto trabalhavam, e até da quebra de protocolo em diversas ocasiões. Um exemplo foi o de encontros de prefeitos para discutir políticas em conjunto: nessas situações há uma equipe para recepcionar as primeiras-damas e levá-las para conhecer a região e fazer compras; mas o que fazer quando a mulher é a prefeita e quem está ali para o programa turismo-shopping é o marido dela, que não está minimamente interessado no tour?


Ficou claro que, por mais que existam diferenças ideológicas, a situação das mulheres na política é semelhante, e há mais pontos em comum do que divergentes.

No entanto, muitas pessoas acreditam que não é necessário termos mulheres na política, como se os homens fossem suficientes para resolver problemas relacionados às mulheres. Trata-se de um engano: enquanto os homens dominaram a política, as mulheres foram colocadas como subalternas e legalmente submetidas ao poder masculino (sem direito a voto, sem capacidade civil, sem poder gerir suas vidas e seus bens). Até começarem a se rebelar, com os movimentos socialistas e sufragistas, as mulheres não podiam ter participação política.

Ainda hoje nós, mulheres, temos representação ínfima e pouco poder político para resolver questões que atingem mais mulheres do que homens (ou vocês acham que, para ficar em um exemplo apenas, os homens, com sua tradição de negação da paternidade, conseguem dar valor a creches em regiões vulneráveis ou distribuição regular de contraceptivos?)

É por isso que, quando me perguntam por que deveríamos votar em mulheres, eu digo que é pra corrigir uma desigualdade. Somos mais de 50% da população, mas em cargos eletivos nossa média é inferior a 10%.

Mais participação política feminina significa mais problemas que atingem as mulheres sendo discutidos, com perspectivas de solução efetiva. E incentiva mais mulheres a se candidatarem, e melhorarem a condição de vida das demais mulheres. Não há como, mudando a vida de 50% da população, não melhorar a sociedade.

3 comentários:

sunny disse...

Ontem, domingo, fiz um comentário afirmando que a Di*l#ma estava no Rio para um encontro com artistas e uma reunião do PT na quadra da Portela. Tirei as informações do site , dando o link. Engraçado, não saiu.

E não é que a D*i&l*m$a estudou no mesmo colégio que eu? O Isabella lá em BH. Só que ela é mais nova e fez só o curso fundamental. Gente boa essa garota.

mari disse...

Foi no globo? Vc titicou aquela porcaria do "concordo com a pigpolitica de merda deste jornal?" Se nao titicar naquele cocô nao sai.

mari disse...

ah, ja entendi, foi aqui mesmo, mas em outro post: http://zumbaiazumbi.blogspot.com/2010/04/voces-nao-estao-achando.html

respondi 2 vezes

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