Estou há dois dias paralisada diante da TV vendo as imagens da tragédia no Rio e em Niterói. Há outra tragédia paralela: a cobertura das Organizações Tabajara, ops, Grobo -- aqui em Terê só tem Sky, uma operadora muito mais careira do que a Net, e o plano que pude pagar me deixou restrita à Globonews, infelizmente.
Pois bem, nunca em minha já longa existência, de 63 anos, tinha percebido um olhar tão classista numa cobertura jornalística. Mais do que se confirmou nessa calamidade meu antigo argumento sobre a origem social dos jornalistas de hoje, do qual tantos amigos discordam.
Jornalista hoje em dia é de classe média média e alta, e tem uma visão sem compaixão alguma da desesperança dos desvalidos. Antigamente, o repórter vinha também das classes pobres, trazendo um olhar humanista da questão social. Isso, em minha humilde opinião, se deve aos muitos anos de exigência do diploma. Só rico passa no vestibular das federais e as redações só contratam gente das federais. O que se vê é frieza, dureza, a crítica permanente aos moradores das áreas de risco, como se todos insistissem em morar mal por capricho.
Resultado: desolação nas encostas e na tela da TV.
2 comentários:
Eu, que ainda estou cursando, vejo isso dentro da sala de aula. É meio triste pensar que os futuros formados não vão fazer nada para mudar esse caso.
Vai ter você como um dos formados, Lucas! Isso já é uma vitória!!!
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