Cadeia com os bicheiros de Wall Street
Se este fosse um país decente o governo estaria processando um por um esses bicheiros, esses bookmakers que jogam no tal Risco-Brasil: se dizem consultores, analistas, avaliadores de risco, mas não passam de bicheiros baratos, que num mundo também decente estariam atrás das grades por crimes contra a humanidade. O Luís Nassif chama esses canalhas de crupiês, que rodam as roletas no cassino do mercado financeiro para forçar oscilações e ganhar muito dinheiro à custa da fome e do desemprego.
Por isso meu guru econômico continua sendo o Mahatir Mohamed, primeiro-ministro da Malásia. [digamos que não seja mais, mas enfim...] Em 1º de setembro de 98 ele baixou medidas radicais de controle cambial para prevenir ataques especulativos ao ringgit malaio: simplesmente prendeu os capitais voláteis por um ano no país. Nada menos do que US$ 10 bilhões ficaram impedidos de deixar a Malásia, dos quais US$ 1,1 bilhão pertenciam a multinacionais americanas. O mundo financeiro protestou. Mahatir argumentou que era preciso conter “esta especulação que destrói economias mundo afora”.
E deu certo. O economista da UFRJ Fernando Cardim disse à Folha, em entrevista a Claudia Antunes: “Quando a Malásia adotou controles, em 1998, todo mundo disse que seria o fim do mundo. A Malásia sofreu abalos, é claro, mas manteve a sua autonomia, os capitais estrangeiros voltaram e, quando se começou a cogitar em remover os controles, um ano depois, o economista-chefe do banco Santander no país disse à revista Euromoney que achava arriscado, porque estavam funcionando bem.”
Claro, Cardim não é economista da escola de Pedro Malan. Para ele, a recuperação da economia brasileira não passa por acordos com o FMI, porque mais adiante ferram com a economia. Ou seja, é um economista que pensa segundo os interesses do país, e não os desses bicheiros canalhas de Wall Street.
O pior de tudo é ver como nossa imprensa trata essa gente: respeitosamente, como se fossem fontes categorizadas, e não reles fernandinhos beira-mar de Rolex no pulso. Ah, ando de saco cheio disso tudo.
::: por Marinilda em 24/9/2002
2 comentários:
Vamos ver no que dá a reunião na Coréia.
To tao descrente...
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