segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eu menti. O dilema real é o capitalismo

Ando bem clichezeira ultimamente, mas meu clichê mais recente foi superfurado. O dilema do milênio não é a energia, mas o capitalismo neoliberal, esse daí que todos exaltam, desejam e buscam. Vejam só a questão espanhola, por exemplo. Estava todo mundo na praça pedindo emprego, salário, aposentadoria (tá, democracia também). Mas quem foi às urnas regionais (com enorme abstenção, diga-se) votou na direita neoliberal. É que os socialistas no poder seguem a receita neoliberal, daí a derrota... Vá entender a Espanha! (Para entender o Brasil, o companheiro Ivan Trindade publicou no Teia Livre um texto instigante!)

Não dá pra entender, na verdade, o mundo todo. No poder, o neoliberalismo na política atende cegamente às diretrizes econômicas neoliberais. Decisões de governos e tribunais seguem essas diretrizes. E o que acontece? Desemprego em massa. É a mais valia, estúpido! O patrão quer lucro maior, então vai modernizando a produção a ponto de desfigurar as leis marxistas e... prescindir do trabalhador. E da própria produção. Na crise, então, quer nem saber, demite os poucos que restam. É um círculo vicioso, um looping perverso. Então, por que os governos insistem nesse suicídio?

Não sei se me explico bem: os governos que se sucedem beneficiam as corporações -- e os Estados Unidos são a representação maior desse truísmo -- porque elas dão emprego, mas... elas não dão! (Ou tentam dar cada vez menos.) E os governos acabam reféns delas, às voltas com massas e massas de desempregados... como pode, gente? A literatura e o cinema cansam de mostrar essa burrice oficial coletiva! Há muitos docs famosos sobre a crise de 2008/2009, mas o meu preferido é o Inside job – "o filme que custou mais de US$ 20 trilhões para ser feito" –, do diretor Charles Ferguson (tratei dele aqui). Também adoro o do Michael Moore (Capitalism: a love story). Há outros ótimos, como The corporation (que é de 2003, mas já resumia tudo) ou o ficção-verdade The company men (John Wells, 2010), que baixei noutro dia e me deixou angustiada. Nenhum governante vê tais filmes? (Talvez Lula tenha visto todos...)

Já eu não vejo saída, alguém vê? Ou regredimos nesse capitalismo -- não digo ao feudalismo, hehe, mas a algum estágio mediano que não sei dizer qual, talvez o da Escandinávia pré-queda-do-Muro de Berlim (mas aí não seria capitalismo, né?, a natureza do sistema é buscar mais mais valia...) -- ou chegaremos a Mad Max. Aquele filme foi profético. Não há saída, gente. A não ser que houvesse revolução no mundo inteiro. Revolução?

Só não aposto porque espero estar morta até lá para não ver. Mas penso nos jovens que estarão...

3 comentários:

Marcos disse...

Até George Bush, pai, desconfiava que essa história de tratar bem as empresas para o bem de todos era meio suspeita. Aqui, um artigo da Salon analisando os resultados da teoria do supply-side (vulgo "voodoo economics"):

http://www.salon.com/news/politics/war_room/2011/05/25/gop_debt_lie

mari disse...

nossa, excelente! como é perverso, realmente! só serviu pra que as corps tenham mais grana pra sair do país e criar empregos tipo escravidão na Ásia. mais nada.

sunny disse...

É spre o old imperialism. só troca os Estados por corporações/sistema financeiro. Como diria o velho, é suicídio messsmo.

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